O Pau Miúdo foi o bairro escolhido por vereadores da oposição de Salvador para fazer sua segunda inspeção do funcionamento de equipamentos públicos municipais, na manhã desta terça-feira, 11. Foram visitados o Centro de Saúde Maria da Conceição Imbassahy, uma base do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a escola municipal do bairro. Este foi o principal tema de debates do pinga-fogo na sessão desta tarde na CMS.
Segundo relataram Marta Rodrigues e Luiz Carlos Suíca (PT), Aladilce Souza (PCdoB) e José Trindade (PSL) em todos os três locais foram verificados muitos problemas e irregularidades. “O número de profissionais para o atendimento aos pacientes é insuficiente, assim como a infraestrutura do posto de saúde”, afirmou o líder oposicionista Trindade. A unidade de saúde conta apenas com dois pediatras, dois clínicos e um ortopedista.
Gerente do local, Sérgio Futura argumentou que a sobrecarga de atendimentos no posto ocorre porque só há como opção na região o Hospital do Subúrbio.
Outros problemas levantados foram falta de médico, de material de limpeza, de remédios e a grande espera dos pacientes. O posto atende ao distrito sanitário da Liberdade, onde estão localizados 23 bairros.
Samu
De acordo com Aladilce “as bases do Samu estão em condições precárias de funcionamento. Inclusive, com mesas e cadeiras quebradas”. Na base da Avenida San Martin, também inspecionada pelo grupo foi constatado um dormitório sem janelas e com infiltrações de água.
O Samu do Pau Miúdo presta socorro a moradores do Pau Miúdo, Boca do Rio, avenidas Paralela e Jorge Amado, São Cristóvão, Cajazeiras, Dendezeiros, Paralela e Periperi. Para isso conta com quatro ambulâncias, 11 “motolâncias” e uma “ambulancha”. Segundo Marta Rejane Batista, diretora de Regulação, Controle e Avaliação da Secretaria Municipal de Saúde, essa quantidade “segue as recomendações do Ministério da Saúde”.
Por último o estabelecimento de ensino funciona num prédio , pois o prédio original precisa de reforma. Conforme Marta “mesmo neste lugar onde estão ministrando as aulas encontramos algumas situações inadequadas, por exemplo, escadas sem corrimão e degraus com vãos de 20 centímetros”.
“Como pode uma equipe se manter a mesma depois de enorme crescimento populacional? Temos informações de que a situação é recorrente em outras unidades”, afirmou Marta Rodrigues (PT).
Para Trindade a realidade era esperada: “A gestão de saúde em Salvador vem de quatro anos de forma precária. pessoas que chegam cinco da manhã e não são atendidas. Esperamos que com a fiscalização efetiva da bancada da oposição o prefeito acorde”.
Aladilce denunciou a redução de recursos na execução orçamentária para saúde básica e atenção básica tem recursos menores do que o de contratação de hospitais e terceirizados: “Sempre é um valor menor e nunca executam o que é orçado na Câmara. Enquanto isso as verbas para publicidade sempre dobram todo ano”.
“É desumano o que a prefeitura faz com a saúde em Salvador. Nossa blitz vai acontecer em outros serviços que a prefeitura diz que deixa a disposição, mas que sabemos que não funciona”, declarou Suíca.
Caps também vão mal
Em outra ação fiscalizatória a equipe da Ouvidoria da CMS, liderada pelo ouvidor geral Suíca, esteve no Centro de Atenção Psicossocial Eduardo Saback, em Pernambués, também na manhã desta terça-feira, 11. Lá se verificaram Infiltrações, escassez de materiais e, principalmente, falta de profissionais. As dificuldades enfrentadas por pacientes e trabalhadores.
“A realidade que encontramos foi absolutamente comovente. Os problemas no local, considerado um dos melhores CAPS de Salvador, vão muito além da falta de estrutura e da dificuldade com materiais para prestar um atendimento digno aos pacientes. A falta de profissionais dificulta consideravelmente o trabalho. Os poucos funcionários se viram como podem, desempenham um papel belíssimo com uma estrutura tão precária e pelo amor ao trabalho no CAPS”, destacou o petista.
São apenas 15 funcionários ativos em todo o CAPS. Do total apenas 10 fazem atendimento individualizado aos pacientes; cada funcionário fica responsável por 150 pacientes, quando o ideal seria que cada profissional fosse responsável por, no máximo, 50.
Médicos do Samu protestam
As condições de trabalho dos médicos do Samu foram relatadas pelo vice-presidente do Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia (Sindimed), Luiz Américo Pereira, na Tribuna Popular de segunda-feira, 10. Ele apontou precariedade nos vínculos trabalhistas de terceirização, atrasos no salário, problemas de funcionamento dos automóveis, falta de material e de espaço para fazer as refeições.
“Além das dificuldades diárias, precisamos que a Câmara nos ajude para revermos o Plano de Cargos e Carreiras. Primeiro, esta Casa precisa aprovar imediatamente o abono dos profissionais de Salvador, para que em maio seja reincorporado ao salário”, afirmou Pereira.