Política

Assistência ao autismo é tema de sessão especial na Câmara de Salvador

Para Marta Rodrigues a assistência não pode ser puramente médica e assistencialista
Limiro Besnosik , da redação em Salvador | 06/04/2017 às 19:26
A sessão ocorreu no Plenário da CMS
Foto: Reginaldo Ipê

O Dia Mundial de Conscientização do Autismo (2 de abril) foi comemorado na manhã desta quinta-feira, 6, pela Câmara de Salvador, numa sessão especial, promovida pela vereadora Marta Rodrigues (PT). Para ela “a assistência à pessoa autista não pode ser puramente médica e assistencialista. Esta é uma atividade para conscientização. Quando trazemos esses temas para um espaço como a Câmara, damos visibilidade, quebramos paradigmas e aumentamos o debate”.

“Estamos na luta por políticas públicas. São pessoas que demandam atendimento multidisciplinar, inclusão e diagnóstico precoce”, afirmou a presidente da Associação de Familiares e Amigos da Gente Autista (Afaga), Mariene Maciel.

De acordo com a coordenadora de Políticas Transversais da Secretaria Estadual de Saúde, Liana Figueiredo, a Bahia foi o primeiro estado a contar com um centro público de atendimento a pessoas com autismo.

O Centro de Referência Estadual para Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (CRE-TEA), inaugurado em novembro de 2016, atende cerca de 200 pacientes por mês e funciona também como um espaço para capacitação de profissionais voltados ao atendimento às pessoas com Transtorno do Espectro Autista em todo a Bahia. “Sua grande importância está no matriciamento para os profissionais, além do tratamento e atendimento multiprofissional aos portadores de autismo”, declarou Liana.

Na rede estadual há 4.230 alunos matriculados no ensino médio. No Município estudam dois mil portadores de síndrome de Down e 559 jovens com autismo. “Esse número cresceu muito nos últimos anos. Isso se deve ao empoderamento familiar, pois os pais começaram a entender que esses jovens têm direito à educação e que não podem ficar em casa parados, sem fazer nada. O atendimento é feito por professores especializados”, revelou a coordenadora de Educação Especial da Secretaria de Educação, Tereza Cristina Holanda.

Desafios diários

“Não é só um ator que vai fazer essa transformação. Somos todos nós juntos. Essa luta, tão antiga, só há pouco tempo vem ganhando visibilidade. No Brasil, a gente fazia uma ginástica jurídica para dizer que a pessoa com autismo era um portador de deficiência e que possuía todos os direitos desse grupo. São muitas lutas e desafios diários para garantir o básico”, afirmou a promotora e integrante do Grupo de Atuação Especial de Defesa da Educação do Ministério Público da Bahia, Cintia Guanaes.

A Câmara Municipal tem em seu quadro de colaboradores um portador do espectro autista. O assessor parlamentar Emerson Santos atua no gabinete do vereador Cezar Leite (PSDB). “Temos que focar nas habilidades e deixar de lado as deficiências. Emerson está feliz com o emprego, responde bem às demandas e sua família também está satisfeita com esse avanço dele”, disse o parlamentar, que também participou da sessão.

“Gosto do meu trabalho aqui. Eu faço pesquisas na Internet sobre os assuntos que me pedem, cuido das impressões e xerox”, relatou Emerson, que poupa parte do salário para comprar um computador para ajudar nos seus estudos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Quero fazer faculdade de Engenharia”, asseverou.

A ex-vereadora Vânia Galvão, que presidiu sessões com este tema em sua última legislatura, participou da mesa do evento e cobrou políticas públicas efetivas na área que “atendam não somente às necessidades dos pacientes, mas também de suas famílias”.

Também fez parte da mesa a coordenadora do Centro de Referência Estadual para Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (CRE-TEA), Márcia Guimarães.