A oposição na Câmara de Salvador não poupou de críticas o prefeito ACM Neto (DEM) depois dos alagamentos que se espalharam pela cidade com as fortes chuvas dos últimos dias. Para Marta Rodrigues (PT) ficaram evidentes as prioridades do gestor: a promoção e os gastos em eventos ao invés de prevenir a capital baiana das enchentes, alagamentos e deslizamentos de terra constantes.
Segundo ela “o que estamos vendo com essas chuvas que se iniciam é uma cidade maquiada. Os alagamentos ocorrem nos mesmos pontos de sempre e a sensação de pânico continua nos bairros periféricos da cidade. O prefeito fez muita festa, muita publicidade, mas nada para minimizar os impactos da chuva ao longo dos últimos anos”.
Em sua opinião é possível ver a ausência de prioridades do prefeito na infraestrutura para as chuvas com base em alguns dados da Lei de Orçamento Anual (LOA 2017), pois ela prevê apenas R$ 16,5 milhões para a estabilização de encostas, enquanto destina R$ 100,9 milhõpes para o desenvolvimento do turismo, R$ 37 milhões para publicidade institucional, R$ 34,3 milhões para pessoal no gabinete do prefeito, R$ 30 milhões para eventos e festas populares e R$ 408 milhões para a primeira etapa do BRT (Bus Rapid Transit), com apenas 2,9 quilômetros de extensão.
A requalificação do sistema de micro e macrodrenagem vai recber R$ 70,6 milhões e a manutenção das estações, terminais, abrigos e passarelas apenas R$ 10 mil. ”São valores pequenos dada a dimensão dos problemas. E mostram o que é a prioridade nessa gestão. Festa e publicidade. Contrasta completamente das reais necessidades de Salvador”, afirma a petista.
De acordo com a oposicionista outros fatores demonstram o descaso: Salvador não tem um Plano Municipal de Saneamento e o Plano Diretor de Encostas (PDE), datado de 2004 cuja atualização foi prometida para setembro de 2015, até agora não ficou pronto. “O documento precisa ser atualizado para que sejam identificadas com precisão as áreas de risco da cidade. Até hoje se trabalha com o número de 433 áreas de riscos em Salvador”, apontou.
Para Marta fica cada vez mais claro que a preocupação com a população baiana e soteropolitana parte do governo do Estado: “São dois tipos de gestores completamente diferentes. Rui mostra preocupação constante. Rui investe cerca de R$ 200 milhões em obras de pelo menos 98 encostas em 106 regiões. Cresceu em uma encosta, sabe como esse período é de aflição para a população”.