Eleição atípica com três candidatos da base governista e dias de estresse pela frente
Tasso Franco , da redação em Salvador |
26/01/2017 às 15:37
Marcelo Nilo reúne 30 parlamentares no Barbacoa
Foto: Sandra Travassos
O deputado Marcelo Nilo (PSL), candidato à reeleição na presidência da Assembleia pela 6ª vez, demonstrou no encontro com 30 parlamentares que o apoiam, 26 de corpo presente e 4 que enviaram mensagens por vídeos, que sua campanha está bem encaminhada e ela assegura, com todas as letras, que terá 44 votos no dia 2 de fevereiro, dos 63 parlamentares da Casa. O que significa dizer, em sua ótica, que apenas 19 deputados votarão contra ele.
Embora Nilo entenda que a atual eleição estaria sendo mais fácil do que a disputar com Elmar Nascimento, DEM, lá nos primórdios de 2007, quando Jaques Wagner chegou ao poder, diria que pode até ser, porém, com um diferencial, uma vez que a base governista se apresenta senão rachada ao meio, pelo menos fissurada. Os candidatos da oposição a Nilo são ligados a Otto Alencar (senador PSD), o deputado Angelo Coronel; e ao vice-governador João Leão (PP), Luis Augusto.
Nesses meus longos anos de repórter político e analista nunca vi isso na Assembleia. A própria campanha contra Elmar, hoje, deputado federal, era da base governista de Wagner x a Oposição, ainda sob o comando do ex-governador Paulo Souto, o qual embora tivesse perdido a eleição majoritária seus grupos partidários elegeram muitos deputados.
No mais, as outras reeleições de Nilo foram quase consensuais e até na última, quando houve uma birra com o PT e o lançamento do pré-nome de Rosemberg, este retirou sua candidatura no final e Nilo reelegeu-se. Nesse processo de longos anos de Nilo na presidência credite-se, independente da parte que cabe ao deputado, a chamada 'construção da candidatura', a ação politica de Wagner.
E o que se vê agora é algo completamente atípico na política baiana. Dois dos políticos mais importantes ligados a Rui, Otto Alencar e João Leão, em tese, contra Rui porque a candidatura de Nilo tem o apoio do governador ou pelo menos seu beneplácito. Não sendo assim, acredito, Nilo não reuniria 30 deputados num almoço faltando 6 dias para o pleito.
A Oposição, de sua parte, salvo um ou outro voto já declarado a Nilo, caso de Targino Machado, está confortavelmente sentada no camarote. O que vai acontecer? Só Deus sabe. Nilo foi ao camarote falar com ACM Neto, o líder, e saiu de lá convencido de que terá o apoio da Oposição. E Neto? Calado estava, calado segue. Para ele, se supõe, quanto mais desgaste na base de Rui, melhor. Decisão mesmo, só no dia de Yemanjá.
A política, no entanto, é sempre uma caixa de surpresa e pleito direito, voto secreto, acontece cada coisa que se duvida. Daí que, em nossa opinião, Nilo segue favorito, mas, com seis dias de insonia pela frente.