Diálogos ded Geddel e Cunha no governo Dilma
G1 , BSB |
13/01/2017 às 20:32
Os diálogos dos dois Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima
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A troca de mensagens investigada pela Polícia Federal na Operação Cui Bono, o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) pergunta, em 2012, ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em tom de ironia, se ele acha que Geddel é igual aos ministros indicados por Cunha no governo.
À época, Geddel era o então vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal e Eduardo Cunha, o então líder da bancada do PMDB na Câmara.
A transcrição das mensagens está em relatório da Polícia Federal sobre a Operação Cui Bono, deflagrada nesta sexta-feira (13), na qual foram investigadas fraudes em empréstimos da Caixa Econômica Federal a empresas entre 2011 e 2013.
Segundo a PF, Geddel e Cunha atuaram em conjunto para facilitar a liberação desses empréstimos em troca de propina.
Segundo relatório da PF e do Ministério Público Federal, uma das empresas beneficiadas é a J&F Investimentos. Em 29 de agosto de 2012, Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima, então, trocaram as seguintes mensagens, segundo a
Polícia Federal:
Eduardo Cunha: "JF não resolveu?"
Geddel Vieira Lima: "Tá resolvido. Tá na pauta do CD de terça. Vc tá pensando que eu sou esses ministros q vc indicou? Abs"
Eduardo Cunha: "Ok rssrsrs"
Dois dias depois, há uma nova troca de mensagens:
Geddel: "Acabou de entrar extrapauta do Voto da J&F no CD da próxima Terça. São 02 operações: > Op. 767 (Cred. Esp. Empresa) - R$ 200mm, 48m (sendo 12m de carência) e tx CDI+O,15%a.a > Op. 194 (Cla Garantida) - R$ 50mm CDI+O,20%a.3. Conforme combinado. abs"
Cunha: "Atrasou a saida 50 chega 20 hrs"
Geddel: "Ok"
Cunha: "Tudo ok?"
Geddel: "Ok. Abs"
Segundo a Polícia Federal, "observa-se que as opções citadas por Geddel a Eduardo Cunha referem-se a operações de crédito corporativo da Vice-Presidência de Pessoa Juridica [da Caixa], área do próprio Geddel".
Em razão da operação da PF nesta sexta, a J&F divulgou uma nota, na qual disse que a relação com a Caixa Econômica Federal e com bancos públicos é feita "sempre de forma profissional e na mesma forma de concorrência e tratamento com instituições privadas – ou seja, relações comerciais transparentes, abertas e legais" (veja mais abaixo as versões de Geddel e Cunha).
O que diz o juiz
PF vasculha imóveis de Geddel em operação contra fraudes na Caixa Econômica
No despacho que autorizou a operação, o juiz Vallisney de Souza Oliveira cita o relatório da PF e a atuação de cada um dos investigados.
Além da liberação de créditos da Caixa, as investigações apontam que Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima forneciam informações privilegiadas às empresas e aos outros integrantes do que o Ministério Público Federal chama de "quadrilha".
"Consta dos autos que, valendo-se do cargo de Vice-Presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, [Geddel Vieira Lima] agia internamente, em prévio e harmônico ajuste com Eduardo Cunha e outros, para beneficiar empresas com liberações de créditos dentro de sua área de alçada e fornecia informações privilegiadas [...] para que, com isso, pudessem obter vantagens indevidas junto às empresas beneficiárias dos créditos liberados pela instituição financeira", diz o documento.
Versões
Em nota, a defesa de Geddel Vieira Lima afirmou:
"A malfadada operação decorre de ilações e meras suposições não comprovadas. A apressada decisão não traz qualquer fundamento idôneo que justificasse a medida. Além disso, não há indicação pela Polícia ou MPF de qualquer fato/elemento concreto que pudesse representar corrupção ou lavagem de dinheiro, até porque tais atos jamais foram praticados por Geddel Vieira Lima. Nem mesmo o ficcional relatório da autoridade policial, reconhecidamente repleto de suposições, aponta concretamente qualquer valor que tivesse sido recebido por Geddel Vieira Lima. Geddel nada recebeu. Informa que está, como sempre esteve, à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento. Por fim, a defesa informa que autoriza a publicação/divulgação desta nota em sua integralidade."
A defesa de Eduardo Cunha informou que não teve acesso até o momento às investigações da Operação Cui Bono, mas disse que, desde já, "rechaça veementemente as suspeitas divulgadas. Tão logo tenha acesso à investigação, irá se pronunciar especificamente sobre cada acusação".