Geddel ainda não entendeu que o Brasil mudou e há uma imprensa livre
Tasso Franco , da redação em Salvador |
25/11/2016 às 11:06
Geddel Vieira na última entrevista a TV Bahia
Foto: Reprodução TV Bahia
O demissionário ministro Geddel Vieira Lima, cacique do PMDB da Bahia, mesmo com toda sua experiência na politica, ainda não entendeu que o Brasil mudou, tem uma imprensa livre e os métodos praticados na República Velha 'florianista' e na República nova 'lulopetista' não imperam mais. Há forte pressão da opinião pública e esses modelos não vingam mais.
Surprende, pois, que Geddel, figura política rodada há décadas, tenha aberto seu flanco de maneira tão escancarada para um colega de Ministério quando a imprensa tem noticiado com frequência gravações, grampos e outros artifícios para comprometerem conversas e políticos.
Nesse aspecto, Geddel foi de uma ingenuidade incomum para quem já foi parlamentar e circulava na alta esfera do poder central.
E, o que é mais significativo: dado a sua amizade pessoal com o presidente da República, Michel Temer, levou à crise politica e institucional, porque Temer não está imune a investigações e também poderá renunciar, ao âmago do poder no Palácio do Planalto.
A crise não se encerra com a exoneração à pedido de Geddel. Pelo contrário, a Oposição no Congresso e a Opinião Pública estão atentas ao desenrolar desse e de outros episódios.
Em política, nada é definitivo. No seu livro "A Nuvem", Sebastião Nery diz que a política é como nuvem, muda muito de lugar e depende dos ventos. Mas, desde já, podemos assegurar que está morta uma candidatura de Geddel a governador da Bahia, em 2018, ele que já tentou, recentemente, e está 'nati-morta' sua esperada e comentada provável candidatura ao Senado, ao lado de ACM Neto.
Agora, mais sensato para Geddel, seria pleitear uma vaga na eleição proporcional, se não tiver problemas com a Justiça Eleitoral.
Há, ainda, muita coisa a rolar. Se a PGR vai encaminhar uma denúncia formal contra Geddel, se o projeto do La Vue vai prosperar ou não, se o governo Temer resistirá a tantas pressões e se as reformas tão sonhadas pelo país acontecerão.
Essa anistia do Caixa 2 em trâmite na Câmara dos Deputados é tão vergonhosas que dá desânimo ver o comportamento de dterminados congressistas em sua defesa.
E, pra completar, ainda tem as delações premiadas dos executivos da Odebrechht, em curso, faltando apenas o acerto de quanto será multa, na maior operação "o Brasil sendo passado a limpo que se espera" envolvendo algo em torno de 180 a 200 deputados e senadores, ex-governadores e ex-senadores.
Para concluir, nesse primeiro comentário, a Bahia que só tinha um ministro em Brasília, fica órfã.