Política

VEREADOR exige apuração severa sobre a morte de jovem na Santa Cruz

Jovem teria sido morto pela Policia encapuzada. Com informações das Ascons e Correio.
Da Redação , Salvador | 31/10/2016 às 18:30
Sepultamento do jovem com familiares indignados
Foto: Correio/Beto Jr
O Vereador Claudio Tinoco (DEM) externalizou, hoje, durante sessão na Câmara Municipal, sua preocupação com a condução das ações realizadas pelas operações Gêmeos e Apolo e pelas Rondas Especiais Atlântico (Rondesp / Atlânticoda Polícia Militar da Bahia (PM-BA), na região do Nordeste de Amaralina.

A iniciativa do edil foi motivada após a morte de Willian Alecsandro Fiúza, de 18 anos, no último sábado (29), na Santa Cruz. Na mesma operação policial, outro jovem, de 16 anos, ficou gravemente ferido e segue internado no Hospital Geral do Estado (HGE). 

"Tenho conversado com moradores da região e as versões são realmente preocupantes. Afirmam que os policiais têm chegado atirando e, muitas vezes, as pessoas começam a evadir por medo e se tornam alvos dos agentes. No caso destes jovens, parentes alegam que eles não tinham envolvimento com a criminalidade, e que fizeram, inclusive, um lava jato para trabalharem", relata Tinoco.

Ainda de acordo com o vereador, nove escolas da região tiveram os portões fechados no final da manhã de hoje devido à outra ação da PM. As escolas são: Municipal Vale das Pedrinhas, Municipal Neuza Neri, Municipal Gabriela de Sá, Municipal Santo André, Municipal Artur de Sales, Teodoro Sampaio, Beneficente de Amaralina e Cristo Redentor. As informações são de que houveram trocas de tiros na Chapada do Rio Vermelho, no Boqueirão, na Santa Cruz e na Rua do Gás, em locais próximos às unidades escolares. 

"É preciso ter muito cuidado durante a realização dessas ações. Os portões das escolas estão sendo fechados, crianças têm ficado sem estudar e as pessoas estão com medo de sair de suas casas e receberem uma bala perdida. Solicito ao governador Rui Costa uma apuração severa no caso do jovem morto no último final de semana e nas operações que estão sendo executadas no local. A rotina das pessoas não pode ser alterada desta forma e o medo não pode tomar conta da região. Vale ressaltar que o Governo do Estado instalou três Bases Comunitárias da PM na região, exatamente com o intuito de pacificação, mas fracassou. Os jovens do Nordeste precisam de oportunidades e paz", enfatiza Tinoco. 

SEPULTAMENTO

O corpo de William Alexsandro Fiuza Conceição, 18 anos, morto a tiros na porta de casa, na Santa Cruz, foi enterrado na manhã desta segunda-feira (31) no Cemitério Municipal de Brotas, sob gritos, apelos emocionados e um culto fúnebre celebrado por pastores da Igreja Batista de Santa Cruz, que o jovem frequentava, segundo a família. 

Os ônibus continuam sem circular no final de linha do bairro na manhã desta segunda-feira (31). A mudança aconteceu após moradores tocarem fogo em objetos e ameaçarem incendiar um coletivo em um protesto por causa de uma operação da polícia ocorrida sábado (29), que deixou William morto e um adolescente baleado.

Em anonimato, um tio de William disse ao CORREIO que uma guarnição da Rondesp chegou com policiais armados e encapuzados na Rua do Posto, onde o jovem nasceu e foi criado pela mãe, o padrasto e os avós. Filho de pais separados, ele era o mais velho de três irmãos e reconhecia no padrasto uma figura paterna. 

ÔNIBUS VOLTAM A CIRCULAR

A direção do Sindicato dos Rodoviários, em reunião com demais membros do Comitê Integrado em Defesa do Transporte Rodoviário, definiu que os ônibus voltam a fazer o roteiro completo até o final de linha da Santa Cruz a partir das 6h dessa terça-feira (1º). O ponto final foi transferido na noite de sábado para o Parque da Cidade após mobilizações de protestos causadas pela morte de um morador e tentativa de queima de ônibus.

Além da preocupação com a integridade física dos rodoviários e passageiros, o Sindicato alerta que os ônibus queimados não são repostos, reduzindo a frota com prejuízos evidentes à mobilidade da população, e provocando a demissão de rodoviários. Dados do Sindicato apontam que já são 23 ônibus queimados e menos 115 vagas de trabalho no sistema de transporte.

Na reunião com o Comitê, ficou acertado que a polícia dará a cobertura necessária para o retorno dos ônibus à normalidade. O Sindicato vai continuar monitorando a situação. O Comitê é composto pela Secretaria de Segurança Pública, Ministério Público, Poder Judiciário, Sindicato dos Rodoviários,  empresários, Prefeitura, Polícias Militar e Rodoviária, e Polícia Civil.