Os 70 anos de existência da Universidade Federal da Bahia (UFBA) foram lembrados pela Câmara de Salvador, por iniciativa da vereadora Vânia Galvão (PT), em parceria com Aladilce Souza (PCdoB). A solenidade aconteceu na noite dessa terça-feira, 20, no Plenário Cosme de Farias.
A petista é funcionária da instituição desde 1969 e ressaltou a “história da qual tenho a honra e orgulho em dizer que faço parte”. A homenagem, segundo ela, é um reconhecimento da capital baiana pela contribuição da instituição para o desenvolvimento social e profissional de milhares de jovens.
“Nossa sessão celebra uma história de desenvolvimento intelectual e formação profissional que, em muito se confunde com processos de modernização do nosso Estado. Uma trajetória de vitórias, de lutas, de avanços nas áreas da pesquisa científica e interação social, de democratização de oportunidades e de conhecimento. Uma história de sonhos que alimentam a alma e perspectivas de jovens que ingressam todos os anos nos diversos cursos de graduação e pós-graduação”, afirmou.
Professora licenciada também da UFBA, para exercer o mandato, a comunista saudou a data e declarou que em momentos de “crise e ameaça de retrocesso”, como este, atravessado pelo País, é ainda mais importante a proximidade do Legislativo com a produção acadêmica: “A Câmara é a caixa de ressonância de todos os problemas da cidade e precisamos trazer a UFBA e as demais universidades públicas para o debate sobre políticas públicas para a saúde, educação, economia, esporte, todas as áreas”.
Projeto inacabado
De acordo com o reitor João Carlos Salles a Universidade está entre as 15 mais importantes do ranking recentemente divulgado, envolvendo 190 do país. Em sua opinião a UFBA continua sendo um “projeto inacabado”: “Foi um projeto aberto, a ser suplementado, nunca esgotado, bem definido na sua origem, um projeto de universidade que é superior à soma das partes, portanto sempre em atualização”.
Como exemplos desse modelo em constante evolução apontou a ligação das várias áreas do saber, a importância dada à área de artes, a internacionalização e a assistência estudantil. Chamou atenção para o momento especial que a universidade está atravessando, aproveitando as comemorações pelos 70 anos para levar a comunidade acadêmica a refletir sobre a importância do seu papel na circulação do conhecimento produzido pela instituição nas diversas áreas de estudo e pesquisa.
A mesa foi formada pelo ex-governador e ex-reitor Roberto Santos; pelo vereador e ex-governador Waldir Pires; pelo vice-reitor da UFBA, Paulo Miguez; pela presidente da Associação dos Professores Universitários (APUB), Cláudia Miranda; e pelo coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE-Ufba), Mateus Assis. O evento contou com apresentações artísticas do Madrigal da UFBA e do grupo Poesia em Trânsito.
Mãe Dó
Outra homenagem prestada pela CMS foi aos 50 de vida religiosa da ialorixá Cleonice de Osanyín, a Mãe Dó, em sessão especial na noite de sexta-feira, 16. A batida dos atabaques dos filhos do Terreiro Ilê Axé Ewé recepcionou a homenageada e embalou a sessão especial. “É uma noite de muita alegria e emoção. Peço que todos vocês se preocupem em fazer o bem, em respeitar o próximo, em fazer o certo para que também cheguem aos 50 anos”, disse ela.
A religiosa fez diversas homenagens durante a solenidade e também cantou para Oxalá, orixá do vereador autor do projeto que deu origem à solenidade, Leandro Guerrilha (PTB). Ele falou sobre as dificuldades do povo negro e pobre de Salvador e a importância da líder religiosa para toda a comunidade.
“Não é a primeira vez que ouço ‘Oxalá que te abençoe’ e tenho certeza que não será a última. O povo do Engenho Velho da Federação, Calabar, Ladeira das Palmeiras, Ferreira Santos está cansado de sofrer discriminação. Aprendemos nos terreiros que devemos respeitar os mais velhos, as mulheres, as pessoas. Se todos tivessem a oportunidade de receber esses ensinamentos, com certeza, muitas atrocidades seriam evitadas”, destacou.
A superintendente de Políticas para Mulheres (SPM) de Salvador, Mônica Kalile, ressaltou sua importância para os seus filhos de santo e seu legado de inclusão social. Presidente da Comissão da Promoção da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (Seccional Bahia), Dandara Pinho, destacou os esforços dos antepassados para a construção de uma sociedade mais igual.
“Muitos foram escravizados. Faço questão de me apresentar, falar meu nome e sobrenome em todo lugar que chego, em nome de todos que se esforçaram para que eu pudesse hoje estar com a palavra. Faço isso pelo os que tombaram para que nós chegássemos até aqui”, discursou.
A sessão foi prestigiada por filhos de santo da homenageada e sacerdotes de outras casas de candomblé em Salvador. Também marcaram presença na solenidade Sandra Bispo, filha do Terreiro Ilê Oxumaré; Laura Borges, mãe de santo do Tandu do Ilê; Tatá Comananji, presidente do Acbanto; Carlos Roberto, babalorixá do Ilê Axé Ofá Aw; e Jubiraci Leal, Pai Bira, balalorixá do Terreiro das Águas, entre outros líderes do povo de santo da capital baiana.