Política

CMS debate políticas públicas para tratamento da anemia falciforme

Debate foi proposto pela vereadora Aladilce Souza
Limiro Besnosik , da redação em Salvador | 01/09/2016 às 17:39
A audiência foi realizada no Ed. Bahia Center
Foto: Reginaldo Ipê

Formas de tratamento e a relação da doença com fatores genéticos e socioeconômicos foram abordados na audiência, realizada pela Câmara de Salvador, para discutir políticas públicas sobre a anemia falciforme. O evento aconteceu na manhã desta quinta-feira, 1º, no auditório do Edifício Bahia Center, anexo da CMS.

Propositora do debate, a vereadora Aladilce Souza (PCdoB) falou sobre as dificuldades da patologia e o papel dos poderes públicos em seu combate: “Entendemos que é preciso dar uma atenção especial à anemia falciforme, principalmente porque atinge predominantemente a população negra. Salvador tem aproximadamente 83% da população afrodescendente e, por isso, esse assunto precisa estar sempre em pauta”.

Representante da Associação Baiana das Pessoas com Anemia Falciforme (Abadfal), Altair Lira fez uma apresentação detalhada sobre os impactos socioeconômicos que dificultam o tratamento da doença. Índices da anemia falciforme nos bairros da cidade foram expostos.

Entre as regiões o Subúrbio Ferroviário apresenta o maior número de casos, com 188 afetados. Em seguida vêm Cabula/Beiru (159) e Barra/Boca do Rio (117). “É uma doença que atinge o sistema circulatório e, consequentemente, todo o corpo. Percebemos a necessidade de capacitar todos os profissionais de saúde para atender os pacientes. Os dados mostram também a urgência da implantação do Programa Municipal Integrado para fazer os atendimentos”, pontuou Altair.

Sem prioridade

Sobre as ações da Secretaria Estadual de Saúde para debelar o mal outra apresentação foi feita pelo coordenador de Promoção de Equidade em Saúde, Antônio Purificação. Ele admitiu que a anemia não é tratada como prioridade pelo Governo do Estado, mas revelou que avanços na produção de medicamentos estão acontecendo. Pontuou também que o racismo atrapalhou o desenvolvimento de pesquisas e anunciou que o medicamento hidroxiureia, fundamental para o tratamento, passará a ser produzido na Bahia.

“A ideia é que já passe a ser feito aqui ainda neste ano, mas no mais tardar em 2017. A hidroxiureia mudará completamente a vida dos pacientes e trará uma condição muito melhor no tratamento da doença”, explicou.

Discriminação

Presidente da Associação Lúpicos Organizados da Bahia (Loba), Jacira Conceição afirmou que um dos principais desafios é combater o preconceito. “O lúpus e a anemia têm características muito parecidas. No mercado de trabalho, somos muito discriminados. As pessoas tendem a achar que não temos nada e que somos preguiçosos. Só quem sente sabe o quanto é complicada a doença”, relatou.

A doença hereditária é caracterizada pela produção anormal de hemoglobinas, causando deficiência no transporte de oxigênio, gás carbônico e outras complicações nos indivíduos acometidos pela doença.

Os sintomas geralmente começam a aparecer entre os cinco e seis meses de idade. Podem desenvolver-se crises de dor, anemia, infecções bacterianas e acidentes vasculares cerebrais. A expectativa média de vida nos países desenvolvidos varia entre os 40 e 60 anos.

Ela ocorre quando a pessoa herda duas cópias anormais do gene de hemoglobina, um de cada progenitor. O tratamento pode incluir a prevenção a infecções através da vacinação e uso de antibióticos, ingestão de líquidos, transfusão de sangue e a prescrição de hidroxiureia.