Redução do número de internamentos, falta de medicamentos e materiais, ameaça de fechamento do centro cirúrgico e processo de terceirização dos trabalhadores foram os principais problemas discutidos na audiência pública promovida pela Câmara de Salvador sobre o Hospital Especializado Octávio Mangabeira (Heom) na manhã desta quinta-feira, 18, no Centro de Cultura da CMS.
Uma das decisões tomadas ao final do debate, do qual participaram servidores e defensores do Sistema Único de Saúde (SUS), foi a formação de uma comissão para expor ao secretário estadual da Saúde, Fábio Vilas-Boas, os problemas da unidade.
Para a propositora do evento, vereadora Aladilce Souza (PCdoB), a situação “é muito séria, um caso muito grave. O governo estadual prometeu que não contingenciaria recursos para saúde, mas o que estamos vendo não é isso. A nossa intenção é de fortalecimento do Hospital com mais investimentos e valorização dos trabalhadores do centro de referência”.
Ao diretor-geral do Heom, Leandro Lôbo, a comunista questionou sobre o contingenciamento de verbas, a privatização de serviços públicos de saúde da rede do Sistema Único de Saúde (SUS) e se têm fundamento os rumores de demissões de empregados.
O executivo justificou a contenção dos recursos por parte da Sesab em função da crise política e econômica, que atingiu não apenas o Octávio Mangabeira. A respeito da privatização disse não ter qualquer informação, mas acredita ser “mais do que constitucional”, e sobre as ameaças de demissão garantiu que sua gestão “está buscando um equilíbrio sem comprometer a assistência”.
Sesab criticada
A gestão da Saúde no estado foi muito criticada durante a audiência, tanto por Aladilce quanto por ex-diretores e trabalhadores do hospital, usuários do SUS e representantes da sociedade civil organizada. Para o integrante do Conselho Estadual da Saúde, Silvio Roberto, os conselhos municipal e estadual têm a obrigação de se posicionar sobre o caso: “Terceirização e privatização são nocivas ao SUS. Precisamos resistir bravamente a qualquer forma de administração que não priorize o patrimônio público”.
Na mesma linha o presidente licenciado do Conselho Municipal de Saúde, Marcos Antônio Sampaio, defendeu os trabalhadores do Hospital Octávio Mangabeira e criticou o modelo de terceirização e privatização adotado pela Sesab: “A saúde que defendemos é 100% pública, humana, para cuidar das pessoas. Não é feita somente para cuidar das doenças, mas para promover saúde de forma global à população”.
Segundo dados da instituição, o centro tem capacidade para 217 leitos, mas apenas 90 funcionam. Além das dificuldades com a ampliação das ofertas de serviços aos pacientes e com materiais fundamentais para assistência, outra preocupação dos servidores são as ameaças de privatização da unidade.