O recadastramento obrigatório de taxistas, decretado pela Prefeitura de Salvador foi tema de audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira, 27, no Centro de Cultura da Câmara Municipal. O principal impasse está na proibição de funcionários públicos e pessoas com renda serem permissionários do serviço, situação que envolve cerca de 400 trabalhadores.
Autor da iniciativa do debate o vereador Joceval Rodrigues (PPS), líder da bancada governista, informou que Poder Executivo e Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) estudam soluções definitivas para trazer segurança jurídica ao caso, independente de quem seja o gestor municipal. O edil Alemão (PHS) defendeu o cumprimento da legislação.
“Conversei com o prefeito ACM Neto e com o secretário (de Mobilidade) Fábio Mota. Eles revelaram todo o interesse em resolver, mas destacaram a importância de um parecer do MP-BA. Tive, também, uma reunião com a promotora Rita Tourinho, que me garantiu que o órgão está estudando alternativas legais para ajustar a situação. Não adianta tomarmos uma medida agora e um próximo prefeito, futuramente, não considerar legal e desfazer. Precisamos de algo respaldado juridicamente e definitivo para dar tranquilidade a esses pais e mães de família”, afirmou Joceval.
Temor infundado
Para o permissionário major Ubiraci, foi criado “o temor infundado” por parte da prefeitura e do Ministério Público de que os taxistas não vão aderir ao processo de recadastramento. “Isso foi inventado. Existe um calendário que está sendo cumprido rigorosamente por nós, taxistas. Acredito que uma solução será encontrada e que os trabalhadores vão se recadastrar”, declarou.
Delegada da Polícia Civil e também permissionária, Jamara Rodrigues relatou que comprou o alvará para ajudar um parente: “Fiz esse investimento para dar um emprego a uma pessoa que estava desempregada, mas não ganho muito dinheiro com isso. Não iria deixar a minha filha em casa para passar noites em Delegacia se realmente não precisasse. Não estamos dentro de nenhuma ilegalidade e só queremos o que é nosso direito”.
Contra o Uber
Salvador tem atualmente 7.200 taxistas e o recadastramento foi iniciado no dia 22 de abril deste ano. O procedimento é exigência do novo regulamento operacional do Serviço Individual de Passageiro por Táxi (Setax), instituído pelo Município em 14 de março.
O Setax é um serviço prestado por pessoas físicas ou jurídicas nacionais mediante a autorização do Executivo municipal, através da Semob. Ou seja, qualquer outro transporte individual de passageiros que não siga esta norma é considerado ilegal.
Proibido por uma legislação municipal, o aplicativo Uber virou alvo dos taxistas. Em sua fala, Gilberto Oliveira fez um apelo para que o MP-BA reveja a posição pela inconstitucionalidade da lei que proíbe o Uber. “Se não serviu para os outros países, também não serve para a gente”, frisou.
Os taxistas Jaime Alves e Lázaro Américo endossaram a defesa de Gilberto Oliveira. Ressaltam que são contra a violência a pessoas que trabalham com o Uber. “É preciso que lutemos pelos nossos alvarás, para depois combatermos o Uber”, frisou Lázaro, policial civil que pode perder a permissão de rodar com táxi por ser funcionário público.