Expressões foram usadas em entrevista ao GLOBO, que o peemedebista confirmou intermediação de interesses da OAS
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O Globo , Salvador |
20/01/2016 às 17:15
Geddel extrapola e pede desculpas
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BRASÍLIA - O ex-ministro da Integração Nacional e ex-vice-presidente da Caixa Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) pediu desculpas, no Twitter, pela expressão usada em entrevista ao GLOBO para justificar sua atuação a favor da empreiteira OAS quando era diretor do banco. Na edição desta quarta-feira, o jornal revelou uma série de mensagens trocadas entre Geddel e o ex-presidente da OAS Leo Pinheiro, reproduzidas num relatório da Polícia Federal (PF).
Os torpedos de celular mostram que o ex-ministro atuou para a OAS na Caixa, na Secretaria de Aviação Civil e na Prefeitura de Salvador. Questionado ontem pela reportagem sobre a razão que o levou a intermediar pelos interesses da empreiteira, Geddel respondeu:
– É claro que hoje tem o fato de ele ter sido preso. Antes ele era empresário, e eu tinha de tratar com todo mundo, com empresário, com jornalista, com puta, com viado... Era coisa absolutamente natural.
O ex-ministro escreveu quatro tuítes nesta quarta, em sua conta pessoal, para se desculpar pela frase. "Fui infeliz no uso de uma expressão em entrevista ao Globo. Peço desculpas a todos", escreveu. Em novas mensagens, ele chamou de "erro brutal" a referência feita. "Eu acho, que quando se conete (sic) um erro, um grave erro, se assume, paga-se o preço. E qnd esse erro lhe faz mal a alma se pede desculpas. Já pedi sinceras desculpas pela frase infeliz registrada pelo jornalista. Lamento que alguns não aceitem e procurem machucar, mas é a vida".
AS MENSAGENS
Mensagens apreendidas pela Polícia Federal (PF) na Operação Lava Jato revelam que o ex-vice-presidente da Caixa, ex-ministro e ex-deputado federal Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) teria usado sua influência política para atuar em favor de interesses da construtora OAS dentro do banco público e também na Secretaria de Aviação Civil e junto à prefeitura de Salvador.
Ex-ministro da Integração Nacional do governo Lula, Geddel atuou como vice-presidente de Pessoa Jurídica na Caixa entre 2011 e 2013. Atualmente, ele é presidente do PMDB na Bahia.
Relatório da PF ao qual a TV Globo e o G1 tiveram acesso mostra uma série de mensagens trocadas entre Geddel e o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro entre 2012 e 2014. O material foi apreendido pela Polícia Federal no celular do empreiteiro. À época, Pinheiro ainda estava à frente da construtora.
O ex-dirigente da OAS já foi condenado pela Justiça Federal, em primeira instância, a 16 anos e quatro meses de prisão acusado de cometer os crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele chegou a ser preso pela Lava Jato em novembro de 2014, mas, atualmente, está recorrendo da condenação em liberdade.
As mensagens apreendidas no celular de Léo Pinheiro também mostram que Geddel usou sua proximidade com o ex-presidente da OAS para solicitar doações eleitorais para ele próprio – na eleição de 2014, quando foi derrotado na disputa por uma cadeira no Senado – e para candidatos do PMDB baiano.