Depoimentos de FHC ainda vão dar muito o que falar
Tasso Franco , da redação em Salvador |
26/10/2015 às 09:42
Segundo FHC, ACM fazia papel de vai e vem, de atacar e soprar
Foto: DIV
Ainda não li o Iº volume do livro "Os Diários de FHC" editado pela Companhai das Letras SP e que já está gerando a maior polêmica. Com dados no que foi publicado na reportagem de Roberto Pompeu de Todelo, Veja, último final de semana, FHC comenta sobre Antonio Carlos Magalhães em 8 de agosto de 1995:
"Antonio Carlos é aquela coisa que só ataca, que sopra, vai e vem, para dar a impressão de que tem uma força enorme no Planalto. Nunca foi ouvido em assunto relevante da República, mas eu também quero tê-lo com certa capacidade de entender o processo, para que não me cause muito mal".
FHC fala o que pensa não só sobre ACM, mas, sobre todos os personagens envolvidos na politica e na gestão pública no período de 1995/1996 (neste Iº volume) com sua visão de homem de estado preocupado com o contexto da globalização.
Comenta sobre a disputa entre Serra e Malan e revela (como hoje faz Lula) os seus temores com a imprensa, especialmente a Folha de SP e a Veja.
A campeã de irritação do presidente é a Folha de SP e a vice-campeã a Veja. "Acabei de ler na Folha um artigo dizendo que agora estamos preocupados com os direitos humanos para poder entrar no Conselho de Segurança. Quanta bobagem", registra.
Sobre a crise do Banco Econômico a situação do banco baiano ficou insustentável e o Banco Central Interveio. O presidente da Câmara Luis Eduardo Magalhães, filho de ACM e fiel aliado de FHC informa ao presidente que "A Bahia está em pé de guerra e que ele (LEM) também se alinhava com a Bahia". Armado de civismo baiano, ACM lidera uma marcha a pé até o Palácio do Planalto, "com ar vitorioso", à frente da bancada do estado.
"Foi o pior dia para mim, de todo o tempo em que estou no governo", regista FHC e completa "por um lado ACM soltando os demônios, o dossiê na mão e ninguém falou o principal, ou seja, o golpe enorme do Banco Econômico".
A questão, segundo o presidente, se convertera em se ele tinha medo de ACM. Na solenidade de lançamento de um programa de habitação, FHC disse que "quem berra não é estadista"
"Não me referi em nenhum momento a Antonio Carlos, mas me defendi, porque já estavam me esculhambando por aí, dizendo, como o Lula, que eu era frouxo, ou como o Brizola, que eu era um cadáver ambulante, ou até nas palavras de Pedro Simon, que o governo tinha acabado".
O caso Econômico se desdobraria no da "Pasta Rosa", documento encontrado entre os pertences de Angelo Calmon de Sá, em que relacionava doações ilegais e politicas na campanha de 1990 de ACM, na Bahia, e como era do seu feitio ACM partiu para o ataque.
"Ele é um bufão" - registra FHC - "É um bom ator, vai com cara compungida à TV, sabe levar o jogo, está fazendo uma cortina de fumaça intensa para se desviar da Pasta Rosa".
Há muitos outros depoimentos de FHC sobre ACM e Luis Eduardo Magalhães sobretudo no periodo da releição, em 1996.
Vamos ler o livro para posteriormente comentarmos esses episódios.