A greve de 14 dias dos bancários foi tema da Tribuna Popular na Câmara de Salvador nessa segunda-feira, 19, quando o presidente do sindicato da categoria, Augusto Vasconcelos, criticou os banqueiros por não valorizarem os trabalhadores nem investirem na melhoria do atendimento ao público, apesar do segmento ser o que mais lucra com a crise econômica.
“Até o momento nenhuma proposta foi apresentada que justifique o fim do movimento e a volta ao trabalho”, afirmou, citando que a categoria reivindica 16% de reajuste e a Federação dos Bancos (Febraban) oferece apenas 5,5%. Segundo ele a paralisação atinge mais de 12 mil agências em todo o país, sendo 1016 na Bahia.
“Não entendemos esse silêncio absurdo do setor mais lucrativo da economia brasileira. É bom deixar claro que não estamos enfrentando nenhum setor em crise, o lucro dos bancos só no primeiro semestre de 2015 superou a casa dos R$36 bilhões”, declarou. Ele deixou claro que a mobilização não se resume à questão salarial, reivindicando também melhores condições de trabalho e de atendimento ao público e investimento em segurança bancária, por ser um dos segmentos mais vulneráveis à ação de bandidos.
Sobrecarga de trabalho
Denunciou ainda a sobrecarga de trabalho dos profissionais e cobrou a convocação de concursos: “Os banqueiros lucram tanto e tratam seus funcionários como peças descartáveis”. Em sua opinião, apesar da crise econômica o setor atua com “ganância”, aumentando ainda mais as tarifas bancárias, que tiveram um crescimento oito vezes acima da inflação.
Vereadores de diferentes partidos políticos se pronunciaram em solidariedade ao movimento dos bancários, classificado como justo. Leo Prates (DEM) desejou que a categoria chegue logo ao fim do impasse para não prejudicar mais ainda a população. Everaldo Augusto (PCdoB), também bancário e sindicalista, acusou os banqueiros de “arrochar ainda mais os salários quando ouvem falar em crise”.
Orlando Palhinha (DEM) fez um apelo à categoria no sentido de manter pelo menos os 30% de atendimento ao público, para beneficiar os idosos e pensionistas, maiores usuários da rede física. Aladilce Souza (PCdoB) propôs uma moção da Câmara em solidariedade à greve dos bancários e Sílvio Humberto (PSB) falou sobre a “voracidade do capital especulativo”, lembrando também que o setor bancário foi o que mais se beneficiou dos avanços tecnológicos.
Henrique Carballal (PV) comparou: “Os banqueiros só tiveram mais lucros que agora na 2ª Guerra Mundial”. Falaram também em apoio Hilton Coelho (PSOL), Odiosvaldo Vigas (PDT), Gilmar Santiago (PT) e Moisés Rocha (PT).