Deputados estão em Curitiba para ouvir presos da Operação Lava Jato.
Nesta terça-feira (1º) foram convocadas pessoas ligadas à Odebrecht.
Globo , BSB |
01/09/2015 às 14:17
Marcelo Odebrecht na CPI
Foto: Globo
Marcelo Odebrecht, presidente da holding Odebrecht e réu na Operação Lava Jato, se recusou a falar sobre o processo judicial, mas respondeu a algumas perguntas dos deputados da CPI da Petrobras nesta terça-feira (1º). Ele negou a possibilidade de assinar acordo de delação premiada. “Para alguém dedurar, ele precisa ter o que dedurar. Isso não ocorre aqui", disse.
"Infelizmente, estou engessado... Até por respeito à decisão do Supremo Tribunal Federal, no que tange especificamente ao processo, já que existe um processo criminal em andamento, a gente fica impedido de falar sobre o processo. Espero que os senhores entendam essa situação”, disse Marcelo Odebrecht. Após 35 minutos, o executivo foi dispensado pelos deputados.
Os parlamentares estão em Curitiba para ouvir presos investigados pela Operação Lava Jato, que apura um esquema bilionário de fraude, corrupção e desvio de dinheiro na Petrobras e outros órgãos públicos. Marcelo Odebrecht foi o penúltimo a ser chamado pelos deputados.
Nesta terça-feira, foram convocados também os ex-executivos da Odebrecht Márcio Faria da Silva, Rogério Santos de Araújo, Alexandrino de Salles Ramos e Cesar Ramos Rocha, além do ex-gerente da Petrobras Celso Araripe de Oliveira. Todos ficaram em silêncio.
Marcelo Odebrecht e os outros quatro ex-executivos estão presos no Paraná desde junho, quando foi deflagrada a 14ª fase da
Operação Lava Jato.
O presidente da holding disse nesta terça que essa não será a primeira nem a última crise da empresa e que vem trazendo um "desgaste desnecessário" à própria Petrobras. “Tenho fé que sairemos dessa ainda mais fortalecidos”, afirmou.
Fizemos uma petição ao pessoal de Curitiba para poder prestar esclarecimentos que, provavelmente, se tivessem sido feitos, talvez até evitassem muito provavelmente a prisão nossa e de meus companheiros"
Marcelo Odebrecht
Sobre a possibilidade de fazer uma delação premiada, a exemplo de outros réus no processo, Marcelo Odebrecht disse que tem valores dos quais não abrirá mão, citando uma briga entre suas filhas. "Eu talvez brigasse mais com quem dedurou do que aquele que fez o fato”, afirmou. “Para alguém dedurar, ele precisa ter o que dedurar. Isso não ocorre aqui."
Questionado sobre a relação com políticos, ele respondeu que é natural. “É provável que se eu encontrar com um amigo, empresário, político, é natural que venha à tona o tema Petrobras. Não me lembro de nenhuma conversa específica”, afirmou.
De acordo com o investigado, ele sempre esteve à disposição para depor. "Inclusive, fizemos uma petição ao pessoal de Curitiba para poder prestar esclarecimentos que, provavelmente, se tivessem sido feitos, talvez até evitassem muito provavelmente a prisão nossa e de meus companheiros", disse.
Os deputados também levantaram a possibilidade de um acordo de leniência – uma espécie de delação premiada, contudo, relacionada à empresa. Marcelo afirmou que não poderia responder.
“Essa questão de leniência, acho que estamos inclusive muito avançados, gostaríamos de contribuir, mas é o tipo de tema que nós gostaríamos de trazer para a nossa defesa nos autos”, disse.