A extinção do cargo de técnico administrativo foi um dos principais pontos da audiência pública realizada nesta quinta-feira, 20, pela Câmara de Salvador, no auditório do Edifício Bahia Center. O encontro debateu o projeto de lei que prevê mudanças na estrutura administrativa do Executivo Municipal e foi proposto pela vereadora Aladilce Souza (PCdoB) e efetivada em parceria com o presidente da Comissão de Orçamento, Finanças e Fiscalização, Claudio Tinoco (DEM) e participação de Vânia Galvão (PT).
Segundo a comunista “o prefeito enviou esse projeto em regime de urgência e a bancada do governo queria que fosse votado junto com o reajuste dos servidores, na terça-feira, 18, mas eu pedi a retirada dele da pauta, pois acredito que precisamos debater e nos aprofundar mais antes de votar. Ele extingue cargos, cria novos e consequentemente causará um grande impacto na folha de pessoal e na carreira dos servidores”.
De acordo com o democrata a Prefeitura pretende, ao invés de selecionar técnicos administrativos, abrir vagas para especialistas em gestão, ou seja, profissionais de nível superior: “É uma opção por contratar profissionais mais qualificados. Pelo que vi no projeto não há nenhum prejuízo para os servidores que já ocupam a função”.
Mas o coordenador geral do sindicato da categoria (Sindseps), Everaldo Braga, lembrou que na reforma administrativa, em 2001, foram extintos os cargos de agente de obras públicas 1 e 2: “Esses servidores só tiveram prejuízos. Conseguimos uma gratificação por meio de greve que não contemplou os agentes. Eles só conseguiram reverter isso 12 anos depois na justiça e não foi retroativo. Hoje temos 1.270 técnicos administrativos que correm os mesmos riscos”.
O coordenador Administrativo do Sindseps, Bruno Carianha, adiantou que os funcionários farão greve caso a proposta passe: “Nós vamos mobilizar os trabalhadores de todas as categorias, pois o que nós vemos com a extinção desse cargo é que um profissional que poderia ser contratado vai passar a ser terceirizado. A terceirização é a pior forma de exploração de um trabalhador”.
“A gestão atual procura fortalecer sua administração e reforçar a gestão e conta com a Câmara nesse esforço”, defendeu Tinoco. “Essa reforma não pode ser considerada mini porque altera consideravelmente a estrutura de cargos ao criar novos e extinguir outros. Temos a obrigação de debater esses pontos de modo aprofundado”, rebateu Aladilce.