“O acordo entre a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) e prefeitura, para viabilizar a cobrança de estacionamentos nos shopping, é um ótimo negócio para os donos dos estabelecimentos e péssimo para o município”. A opinião é do vereador Everaldo Augusto (PCdoB), presidente da Comissão de Defesa do Cidadão da Câmara de Salvador.
Ele fez as contas e garante que “um único centro de compras pagaria a dívida em apenas dois anos”. Ainda segundo seus cálculos “com base no maior shopping da cidade, que possui 4,5 mil vagas, fluxo diário de 25 mil veículos, arrecadação de R$150 mil/dia, R$4,5 milhões/mês e R$54 milhões/ano, a contrapartida de R$108 milhões será paga por um único shopping em apenas dois anos”.
E acrescenta: “Considerando que o acordo é para toda a vida, os administradores estão rindo à toa, enquanto os lojistas amargam queda vertiginosa nas vendas, comerciários perdem os empregos e a população paga valores extorsivos”.
Para o comunista, considerando que o acordo não tem valor legal, pois não foi registrado em qualquer instância judicial, configurando apenas um “acordo de cavalheiros”, tudo indica que o erário municipal “vai receber um calote”.
Educação, uma vergonha
Outra crítica à prefeitura foi dirigida pelo presidente da Comissão Especial da Criança e do Adolescente da CMS, Hilton Coelho (Psol). Com base em dados do IBGE 2012 e matrículas do Censo 2014 ele classificou como “uma vergonha para a administração de ACM Neto” a posição da capital baiana no ranking nacional.
Em sua opinião isso atesta a “falta de prioridade dada ao tema. Salvador ficou na 22ª posição entre as 27 cidades avaliadas. Já para a modalidade pré-escola, destinada a crianças de 4 e 5 anos, Salvador cai ainda mais na colocação e fica em antepenúltimo, na 25ª posição. Não há argumentos que possam se sobrepor a essa verdade incontestável”.
Para o socialista “creche é um direito constitucional. Além de um direito da criança, a creche deve ser concebida pelo poder público como uma política pública para reduzir a sobrecarga imposta socialmente às mulheres trabalhadoras, garantir a sua permanência no mercado de trabalho, mantendo assim a sua autonomia econômica. Pesquisa realizada pelo SOS Corpo, em 2012, aponta a falta de vagas em creches como um grave problema vivido pelas mulheres em todas as nove regiões metropolitanas pesquisadas, entre elas a Região Metropolitana de Salvador”.
Em dois anos de gestão, aponta, Neto não construiu uma creche sequer: “Apenas 2% das crianças frequentam creches públicas. As demais estão em creches comunitárias. O prefeito de Salvador diz inexistir terras para construção de creches, argumento inaceitável por quem vem leiloando terras públicas na cidade”. Ele reivindica, junto com o movimento popular, em especial o das mulheres, a construção de mais creches públicas com cobertura universal, com horário de funcionamento integral, distribuídas nos bairros populares.
A seu ver esta seria uma política compatível com a realidade das mulheres que trabalham: “Na contramão desta proposta, o prefeito de Salvador criou o Programa Primeiros Passos, que prevê pagamento de R$50 reais por criança. Um absurdo. Creches representam um direito das crianças e de todas as mulheres trabalhadoras”.
Ausência na periferia
Ao participar do ato de assinatura da ordem de serviço para mais uma obra de contenção de encostas pelo governador Rui Costa, no Alto da Terezinha (subúrbio ferroviário), Gilmar Santiago (PT) criticou: “Na ausência de ação do prefeito ACM Neto, o governador Rui Costa trabalha pela população carente”.
Ele voltou a sugerir ao governador a implantação de um campus da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) no Subúrbio, a criação do “Circuito da Moqueca” e o aproveitamento do Parque São Bartolomeu como uma área de cultura e turismo.
“Conversei com o reitor José Bites e ele disse que é possível iniciar com Educação à Distância, até implantar o campus físico”, revelou. Sobre o “Circuito da Moqueca”, lembrou da vocação natural do Subúrbio para a pesca artesanal e a culinária baiana, além das belezas naturais, que será fortalecida com o estímulo à economia e ao turismo locais.
Em relação a São Bartolomeu destacou o patrimônio religioso, histórico e natural, que foi morada de índios tupinambás, sediou o Quilombo do Urubu e foi palco de batalhas pela Independência da Bahia: “Porque não criar um projeto cultural, com shows, folclore, música e dança mensal ou semanal, para dar opções de lazer à população suburbana e atrair visitantes?“.
Multicentros de saúde
Gilmar teve audiência também com o secretário municipal de Saúde, José Antônio Rodrigues, para tratar da instalação de multicentros de saúde na Liberdade e na Rua Carlos Gomes. Os recursos serão oriundos de emenda ao orçamento da União no valor de R$ 500 mil, numa parceria com o senador Walter Pinheiro (PT).
Segundo o vereador o secretário confirmou a implantação. A verba será destinada à aquisição de equipamentos para a saúde especializada, de média a alta complexidade. “Essas ações compreendem cirurgias ambulatoriais, odontologia, patologia clínica, radiodiagnóstico, exames de ultrassonografia, diagnose, fisioterapia, terapias especializadas, próteses e órteses, entre outras”, revelou o petista.