Política

VEREADORES da oposição criticam gestão de ACM Neto em Salvador

Lessa, Vânia, HIlton e Gilmar apontam falhas no atendimento aos bairros populares e mobilidade urbana
Limiro Besnosik , da redação em Salvador | 04/08/2015 às 21:31
Lessa, Vânia, Hilton e Gilmar
Foto: LB

Vereadores oposicionistas estão criticando as ações da Prefeitura de Salvador. Arnando Lessa (PT), por exemplo, reclamou da falta de colega de lixo em Alagados, quando acompanhou a entrega de 72 imóveis pelo governador Rui Costa, nessa segunda-feira, 3. No entanto havia uma faixa do local com agradecimentos ao prefeito ACM Neto e ao vereador licenciado e presidente da Limpurb, Tiago Correia, “por intervenções realizadas”.

“Que obras são essas que Neto fez? Onde é que elas estão?”. Questionou. “É uma contradição. Gostaria que o vereador Tiago Correia justificasse a presença dessa faixa. E melhor faria se definisse com a Limpurb, órgão que preside, um mutirão para retirar o lixo de Alagados, além de regularizar a coleta que já pode ser feita, afinal as ruas foram pavimentadas”.

Para o presidente da Comissão de Planejamento Urbano e Meio Ambiente da Câmara Municipal falta compromisso e prioridade com a região de Alagados, pela Prefeitura: “Enquanto o governador está entregando casas, a administração municipal pouco fez por aqui. Tem lixo em tudo que é lugar e ainda falta iluminação”.

Plano de Mobilidade

A também petista Vânia Galvão (PT), presidente da Comissão de Reparação e líder do PT na CMS cobra do Município a apresentação de um Plano de Mobilidade, exigência do Ministério das Cidades para a liberação de recursos. Ela é autora de projeto de indicação, apresentado em fevereiro, solicitando ao prefeito a conclusão do plano.

Para ela as intervenções no sistema viário propostas pela atual gestão podem dar erradas pela falta de um planejamento estratégico maior, voltado para a interconexão dos projetos. “Sem o planejamento adequado a gente corre o risco de executar uma obra, uma intervenção e ter que voltar atrás, como aconteceu na Barra. A prefeitura fechou a via, mas teve que abrir novamente, porque reconheceu o erro, uma vez que aquele local é um importante corredor de tráfego na orla”, exemplificou.

O pior é essas ações são onerosas aos cofres públicos. “Será que o calçadão suporta o fluxo de veículos? E se não suportar a próxima gestão terá que gastar dinheiro público, fazendo reparações constantes para manter a harmonia do local ou mesmo fazer novo projeto; então em vez de investimentos em outras áreas da cidade teremos que consertar o que foi feito sem um planejamento devido”, alerta.

Transporte ruim

O oposicionista Hilton Coelho (Psol) classifica o sistema dos ônibus como ruim e caro: “Nesta terça-feira, 4, recebemos denúncias de que o transporte público no Conjunto Senhor do Bonfim, Plataforma, conseguiu ficar pior que no dia a dia. Há dois horários no sentido Estação da Lapa. Um às 5h45min e outro às 6h20min. Sem nenhuma satisfação, o horário das 6h20min foi suspenso e a população ficou desamparada pelo Consórcio Plataforma, que opera na região do Subúrbio Ferroviário. Uma vergonha que mostra a ganância dos empresários e a omissão da Prefeitura de Salvador que deveria fiscalizar e exigir um bom atendimento à população”.

E continua: “Transporte é um direito social e precisamos construir espaços coletivos de elaboração e formulação de políticas públicas sintonizados com os anseios da sociedade, em especial dos segmentos excluídos. O que vemos hoje são ônibus que parecem feitos para transportar batata, cenoura, não é para transportar gente. Só será possível fazer uma melhoria no transporte coletivo com alta qualidade, que vai custar mais, sem transferir esse custo para o usuário através da tarifa. Para que isso ocorra é preciso uma política tributária que pense nas pessoas e não nos lucros das empresas, em especial as exploradoras do transporte coletivo”, defendendo a tarifa zero no sistema, bandeira também de seu partido.

Em sua opinião “o péssimo serviço se estende por toda a cidade e infelizmente não se restringe ao Conjunto Senhor do Bonfim. Além de tudo, falta uma ampla discussão na sociedade sobre o tema. No transporte coletivo, a questão da democracia direta é mais do que fundamental. Defendemos que os projetos de mobilidade das cidades têm que ser feitos de uma forma que a população participe efetivamente das decisões e não com as promessas mirabolantes que os governantes apresentam nos meios de comunicação e que não funcionam na prática”.

Em defesa de Rui

Outro petista, Gilmar Santiago, destacou a preocupação em cuidar das pessoas, construindo moradias dignas e com urbanização integrada, como uma das marcas principais do governador Rui Costa. “O governo trabalha para fixar as pessoas em suas comunidades, onde moram, trabalham e se relacionam”, disse, referindo-se à entrega de 72 moradias em Alagados.

Ele parabenizou a Comissão de Articulação e Mobilização dos Moradores da Península de Itapagipe (Rede Cammpi), que articulou as entidades da região, e afirmou que as ações do governo vão continuar para atender mais gente.

Direitos dos jovens

Gilmar coordenou também, nessa segunda-feira, 3, no auditório do Edifício Bahia Center, uma audiência pública para debater o Estatuto em Defesa dos Direitos da Juventude e a Conferência Municipal da Juventude que será realizada no próximo mês. O evento contou com a participação de representantes do Movimento Negro e entidades estudantis.

De acordo com o edil é importante realizar eventos que discutam a criação de políticas públicas para a juventude de Salvador, considerada a cidade com maior número de negros do país, segundo mapeamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em 2011.

“É preciso chamar atenção para o que vem acontecendo com nossa juventude, e colocar na agenda pública a principal contradição desta cidade, que é negra, mas é administrada por uma elite branca. Devemos mais do que nunca colocar em prática aquilo que aprendemos ao longo do tempo: resistência”, declarou.

O debate abordou assuntos como o número crescente de jovens negros mortos durante as abordagens policiais em bairros periféricos, o projeto de lei 31/2013, a dificuldade de inserção no mercado de trabalho, e a polêmica em torno da redução da maioridade penal.

Musa Ramalho, diretora da União dos Estudantes da Bahia (UEB), destacou a importância da educação na luta pelo enfrentamento do que ela classificou como conservadorismo: “A educação tem um papel importante na transformação desta realidade. E os nossos movimentos tem trabalhado muito no sentido de promover políticas públicas por meio da educação. Só assim poderemos enfrentar o conservadorismo, inclusive sobre a questão da redução da maioridade penal”.