Era só o que faltava para aporrinhar Dilma
Vitor Fernandes , Salvador |
03/08/2015 às 21:40
MST e o grito de guerra pela Reforma Agrária
Foto: DIV
O prédio do Ministério da Fazenda, em Salvador, e outros três, onde funcionam a Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab), em diferentes regiões do interior da Bahia,
foram ocupados por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST), nesta segunda-feira (3). Os atos fazem parte do movimento de Jornada
Nacional de Luta por Reforma Agrária, a segunda só este ano, e tem como foco os
reajustes fiscais feitos recentemente pelo governo federal. De acordo com o
deputado federal Valmir Assunção (PT-BA), a mobilização é legítima e ainda
envolve a defesa pela reforma agrária e por mais investimentos para o campo. “É
importante, principalmente nesta conjuntura atual, que os movimentos sociais
estejam nas ruas para protestar e cobrar as promessas feitas para assentar mais
de 120 mil famílias que estão acampadas em todo o país e em áreas de conflitos”,
diz.
Para a dirigente nacional do MST, Elisabeth Rocha, a jornada de luta do movimento denuncia
a falta da reforma agrária no governo. “Houve promessa por parte do governo
Dilma, de que assentaria 120 mil famílias este ano e isso não se concretizou
até agora. Ao mesmo tempo, houve um corte de 50%, dentro do ajuste que Joaquim Levy
fez no Ministério da Fazenda, e esse corte atingiu diretamente a reforma
agrária, que ficou com um orçamento em R$ 1,8 milhões enquanto que o
agronegócio, via Ministério da Agricultura, está com R$ 187 milhões disponíveis”.
A secretária estadual do MST, Ednéia Santana, diz que o ato na capital, envolve
um grupo de 500 pessoas, mas que em toda a Bahia chega a 2,5 mil mobilizados em
diferentes regiões. “Também ocupamos três centros de distribuição da Conab, em
Itaberaba, Ribeira do Pombal e Entre Rios, e ocupamos o Núcleo Regional de
Educação, em Teixeira de Freitas, que é para exigir o pagamento de professores,
que está há mais de seis meses atrasado”, completa Edneia Santana.
Segundo o dirigente estadual do MST, Evanildo Costa, a mobilização segue por tempo
indeterminado, até o governo Dilma apontar mecanismos para resolver o problema
da reforma agrária, que está paralisada. “Teve o corte em 50% do orçamento da
reforma agrária, então já está praticamente impossível a presidente cumprir a
meta de assentar 120 mil famílias. No início do governo, a expectativa foi
grande com a composição do ministério, com pessoas comprometidas com a reforma
agrária, com o presidente nacional do Incra, mas com esse corte praticamente impossibilita
cumprir a meta. Esperamos que o governo aponte saídas para avançar na obtenção
de terra e também na questão da melhoria dos assentamentos, assistência
técnica, financiamento para subsidiar a produção, pois tudo isso está
comprometido com os cortes do governo a nível nacional”.