A Câmara de Salvador realizou, na manhã desta sexta-feira, 19, em seu Centro de Cultura, uma audiência pública sobre a regulamentação do comércio de comida de rua na capital baiana. A iniciativa foi do vereador Gilmar Santiago (PT), para quem o poder público deve valorizar a tradição das baianas de acarajé e de dar apoio aos segmentos que vendem alimentos na cidade.
Segundo o petista “são atividades que tem um papel determinante para a economia da cidade. É um desafio para o poder público ajudar a organizar essa equação. Os desdobramentos desta audiência ampliará o debate sobre este importante tema. Temos que nos atentar, também, para a preservação do nosso patrimônio artístico e cultural, representado pelas baianas de acarajé”.
Ele lembrou que o governo do Estado, por intermédio do programa Vida Melhor, estimula a organização dos microempreendedores com linhas de crédito, assistência técnica, qualificação profissional e distribuição de equipamentos, e pelo Centro de Economia Solidária. A CMS já debate a regulamentação da comida de rua através de projetos de lei de autoria dos vereadores Leo Prates (DEM) e Claudio Tinoco (DEM).
Food trucks
Além de estarem vulneráveis às condições climáticas, as baianas agora sofrem a concorrência dos veículos automotivos que vendem comida nas ruas, conhecidos como food trucks. Para a presidente da Associação das Baianas de Acarajé (Abam), Rita Santos, a história e a cultura precisam ser devidamente valorizadas.
“As baianas de acarajé existem há mais de 300 anos, desde a época das ganhadeiras. É uma tradição de cinco gerações. Foram as primeiras mulheres empreendedoras do país. O empresário está utilizando o poder econômico para ganhar com o acarajé e passar por cima da tradição”, declarou Rita Santos.
A vice-presidente da Associação de Food Trucks e Comida de Rua da Bahia, Alessandra Hattori, argumentou haver espaço para os mais diversos segmentos dentro das comida nas ruas, sendo a entidade a favor da preservação da tradição.
“As baianas de acarajé são um patrimônio imaterial da humanidade e precisam ser respeitas. Acredito que, assim como num shopping center, as lojas competem harmonicamente lado a lado, também podemos ter uma convivência harmônica. Só queremos nos inserir neste contexto”, justificou.
Representante da Vigilância Sanitária da Bahia, Tereza Braga, desenvolveu a tese no doutorado que fez sobre o comércio de rua em Salvador. Para ela, além de focar exclusivamente na comida que é vendida, “é necessário que se enxergue a situação de uma forma mais ampla, englobando o alimento, a situação do ambulante e o ambiente que está sendo praticado o comércio”.