A mudança de nome das Linhas Vermelha e Azul para Milton Santos e Zezéu Ribeiro, respectivamente, é a proposta do vereador Luiz Carlos Suíca (PT) através de indicação ao governador Rui Costa. Segundo o petista “a intenção é fazer com que os baianos e soteropolitanos se sintam representados pelos personagens locais que marcaram a história do nosso estado e do nosso país”.
O legislador condena as atuais denominações “por se tratar de referências preconceituosas às duas avenidas da cidade do Rio de Janeiro, onde o crime e desordem urbana refletem uma imagem que não esperamos nem para a capital fluminense e nem para a nossa Salvador”.
Milton Santos era negro, se graduou em Direito pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), fez doutorado pela Universidade Strasbourg (França) e tem uma ampla trajetória acadêmica. É considerado a maior referência da geografia no Brasil e um mais dos influentes pensadores no mundo.
Já Zezéu Ribeiro foi graduado em Arquitetura e Urbanismo pela UFBA, exerceu o mandato de vereador de Salvador em três legislaturas pelo PT e, em 1998, foi eleito deputado federal pelo mesmo partido.
Reaja para não morrer
O também petista Moisés Rocha apresentou moção de aplausos à campanha “Reaja ou será morta, reaja ou será morto”, criada em 12 de maio de 2005, com o objetivo de denunciar os casos de mortes de negros e negras na Bahia. Conforme ele militantes dos movimentos negro, de mulheres, do povo de santo e luta LGBT usavam palavras de ordem: “Essa é uma campanha pela vida; contra o racismo, o sexismo e a homofobia; pela auto organização do povo preto. Uma campanha para além de conjuntura”.
No dia da criação da campanha os ativistas ocuparam por mais de 8 horas, durante a madrugada, a porta da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia “rompendo o silêncio sobre as mortes de negros e negras na Bahia”. A ideia, lembra o edil, era “politizar essas mortes para internacionalizar o martírio coletivo, com objetivo de instituir um método radical de defender a vida”.
Em sua moção o legislador explica: “Como estava escrito no manifesto de lançamento, a Campanha Reaja representou uma ação coletiva contra a violência e o extermínio da população negra. Hoje, passados 10 anos da histórica vigília nas escadarias do prédio da Secretaria de Segurança Pública, momento histórico na vida de todos nós presentes àquele ato, a pauta política desta campanha continua atual”.
Apesar das denúncias a violência se mantém com índices alarmantes no estado, tendo os negros como principais vítimas. Repetindo uma das palavras de ordem do lançamento da campanha, Moisés Rocha diz: “Estamos (e continuamos) por nossa própria conta”, como ensinou o líder negro Steve Bantu Biko.