Política

ESPUMA: CPI do Congresso vem a Salvador apurar extermínio de jovens

A PM matou 12 jovens no Cabula, recentemente
ASCOM BG , Salvador | 07/05/2015 às 10:17
Deputado Bebeto Galvão
Foto: AG CÂMARA
A Bahia será palco da próxima audiência pública promovida
pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados destinada
para apurar os casos de violência, mortes e desaparecimentos de jovens negros e
pobres no país, que foi batizada de CPI do Extermínio da Juventude Negra. A
audiência será realizada no plenário da Assembleia Legislativa da Bahia, na
próxima segunda-feira (11), das 9h às 13h. De acordo com o deputado baiano
Bebeto Galvão (PSB), membro da CPI e militante do movimento negro, a audiência
vai debater prioritariamente sobre os casos de assassinatos de jovens negros,
vítimas da ausência de políticas públicas de inclusão do Estado e tentar
encontrar juntamente com a sociedade civil formas de solução para a problemática.

A CPI, que conta ainda com mais dois deputados baianos,
Bacelar (PTN) e Davidson Magalhães (PCdoB), irá dividir as atividades por mesas
de debates. E em uma delas estarão presentes representantes e familiares de
vítimas da violência, a exemplo do capoeirista Mestre Ninha, pai do garoto
Joel, de 10 anos, morto em 2010, com um tiro na cabeça durante operação
policial no Nordeste de Amaralina, além do Jorge Lázaro, pai do trapezista de
circo Ricardo Matos dos Santos, que foi executado cruelmente por policiais na
Boca do Rio enquanto jogava futebol com amigos.

Para Bebeto, este será um momento importantíssimo para a
Bahia, que é o estado onde a polícia mais mata em termos relativos segundo os Anuários
da Segurança Pública (2012-2014), e conta com 21 cidades no ranking nacional
dos municípios que mais matam jovens negros no Brasil. “É um momento para
questionar porquê ainda está em vigência esse modelo falido de Segurança Pública,
que só tem a prática do aparelhamento, encarceramento e enfrentamento, só age
com repressão. E isso só se traduz em morte, na maioria de negros, pobres e
também de policiais, que são majoritariamente pessoas pobres também. É preciso
ouvir da sociedade e também dos próprios agentes da segurança, qual o modelo de
polícia que queremos e precisamos. O que não queremos de jeito nenhum é o
modelo em que sacar a arma e atirar é sempre a primeira alternativa”, desabafa
Bebeto. 

Está prevista ainda nas mesas de debate, o governador Rui
Costa, de ministros de Estado, do presidente do TJ-BA, Eserval Rocha, do
procurador-geral do Ministério Público, Marcio José Cordeiro Fahel, além de
outras autoridades federais, estaduais e municipais, representantes de
movimentos sociais e pesquisadores sobre o tema da segurança pública e
igualdade racial.

A próxima audiência pública da CPI está prevista para
ocorrer no dia 15 de maio, em Itabuna, que pontua entre as cidades brasileiras com
o maior número de homicídios proporcionalmente segundo o Mapa da Violência. 



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