Está em fase de recolhimento de assinaturas a Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar as negociações financeiras feitas em busca dos melhores lugares nas filas dos desfiles dos blocos de Carnaval. A capital baiana poderá contar ainda com uma micareta em outubro, possivelmente no Centro Administrativo da Bahia.
As informações foram reveladas pelo presidente da Comissão Especial do Carnaval da Câmara de Salvador, vereador Arnando Lessa (PT), durante a segunda audiência pública do colegiado, na manhã desta quinta-feira, 23, no Centro de Cultura da Casa.
Segundo o petista a denúncia da venda das vagas no circuito Barra-Ondina foi reiterada pelo presidente do bloco Cheiro de Amor, Windson Silva, durante o primeiro debate público. “Iremos abrir esta CEI para apurar essas e outras irregularidades relacionadas à realização e organização do Carnaval”, disse o edil. Para isso será necessário a assinatura de 26 vereadores.
A reunião teve como convidado o presidente da Bahiatursa, Diogo Medrado, e reuniu representantes de entidades carnavalescas, sindicatos, empresários do setor e artistas. Discutiu-se, ainda, o modelo de contratação da prefeitura e governo estadual para bandas de trios independentes e carnavais de bairro.
Bahiatursa de fora
De acordo com Medrado o governo estadual pretende buscar um entendimento com a prefeitura e aumentar sua participação na festa em 2016. Já sobre as denúncias de irregularidades preferiu não se pronunciar: “A Bahiatursa vai se isentar dessa discussão sobre a comercialização de vagas no circuito. Acreditamos que é um assunto que deve ser tratado pelo Ministério Público”.
Relatora da Comissão Kátia Alves (DEM) sugeriu a participação das secretarias municipais e estaduais de Saúde, da Empresa de Turismo Salvador (Saltur) e de representantes das Polícias Civil e Militar: “São órgãos essenciais para a realização do Carnaval e que devem estar presentes nessa fase de discussão”.
Pedrinho Pepê (PMDB) destacou a importância da Comissão: “A intenção aqui é discutir o Carnaval como um todo: o dos blocos, dos camarotes, a questão da corda e a festa nos bairros. O que a gente busca é a democratização”.
Povo na rua
A cantora Sarajane elogiou a iniciativa dos vereadores em iniciar o debate sobre o Carnaval apenas dois meses após o término da festa: “Essas são discussões importantes e que devem acontecer o ano inteiro. Este ano já vimos mais um espaço dedicado aos trios sem corda. Acho que o caminho é esse, o de valorizar o povo na rua”.
O presidente da Associação Baiana de Camarotes, Clínio Bastos, disse que a intenção é aproveitar a “semana do saco cheio”, em São Paulo, e atrair esse público em recesso: “Salvador tem expertise em realização de eventos e se for da vontade dos governos estadual e municipal conseguimos viabilizar o evento para este ano ainda”.
Estiveram presentes ao debate ainda Duda Sanches (PSD), Everaldo Augusto (PCdoB), Euvaldo Jorge (PP), Suíca (PT) e Eliel Souza (PV).