Uma sessão solene, realizada na manhã desta sexta-feira, 20, na Câmara de Salvador, marcou a passagem do Dia Mundial da Água (22 de março), por iniciativa do vereador Gilmar Santiago (PT), que também dirigiu a reunião.
A atividade foi aberta pelo presidente da Casa, Paulo Câmara (PSDB), para quem “a seca em São Paulo chamou a atenção do Brasil para o problema da falta d’água”. Diante da crescente crise de abastecimento o tucano apresentou um projeto de lei para multar quem desperdiça água, com o objetivo de incentivar o consumo racional.
Para o petista “a luta em defesa da Embasa conta com o apoio popular e também com o respaldo da Câmara”. Em 2003 a CMS decidiu realizar anualmente uma sessão solene regimental para marcar a data. O edil lembrou também os 14 anos do “Grito da Água”, ação que mobiliza a sociedade civil organizada e os trabalhadores do setor, e defendeu a criação da Frente Parlamentar do Saneamento.
Nas mãos dos jovens
Luiz Carlos Suíca (PT) destacou a luta em defesa da Embasa no governo de Waldir Pires. Ele sugeriu que essa luta histórica saia da esfera sindical e chegue às escolas: “A responsabilidade está nas mãos dos jovens”.
A frase “preservar a água”, do aluno Bruno, foi ressaltada por Vânia Galvão (PT), que enalteceu a atuação do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia (Sindae) contra a privatização da água.
Segundo a promotora de Meio Ambiente do Ministério Público do Estado da Bahia, Cristina Seixas a crise hídrica começou há muitos anos com o salto populacional no planeta. Ela previu problemas ambientais com o aumento da temperatura e disse que “o futuro está nas mãos dos jovens”, apontando para os estudantes do Colégio Estadual Raul Sá, presentes no Plenário Cosme de Farias.
Água não é mercadoria
A doutora Patrícia Borja, especialista em Arquitetura e Urbanismo, contribuiu com o debate apontando que 1,7 bilhão de pessoas não acessam a água. Ela alertou para a degradação dos mananciais hídricos baianos. Por isso, acredita, “a Embasa tem que estar em mãos públicas”.
“A água não é mercadoria e deve ser mantida dentro da esfera pública”, destacou o presidente da Federação Nacional dos Urbanísticos, Arilson Wunsch, ao falar sobre “Privatização do Setor de Saneamento e Parceria Público-Privada”.
Conforme Júlio César Rocha, superintendente da Embasa, a empresa estadual está presente em 364 municípios baianos e atende 12 milhões de usuários.
“A privatização só visa o lucro”, assegurou a uruguaia Carmen Sosa, atuante da Rede Viva. Já Danilo Assunção, presidente do Sindae, reforçou a luta da categoria para que a Embasa continue empresa pública.
A data mundial para celebrar a importância da água foi criada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em fevereiro de 1993. Na oportunidade, o dia 22 de março foi declarado Dia Mundial da Água, por recomendações contidas no Capítulo 18, sobre recursos hídricos, da Agenda 21, da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.