Política

TEMPO ESQUENTA na Câmara de Salvador no reinício das atividades

Gilmar Santiago criticou a mensagem lida pelo democrata na reabertura dos trabalhos
Limiro Besnosik , da redação em Salvador | 03/02/2015 às 19:13
Beca: perseguição do prefeito
Foto: LB

“Parece que acabou o tempo de calmaria na Câmara. Quem planta vento colhe tempestade”. A frase, do líder da oposição Gilmar Santiago (PT), resume bem o clima de guerra em que se transformou a primeira sessão ordinária deste ano do legislativo soteropolitano.

O vereador Beca (PTN) acusou o prefeito ACM Neto de o estar perseguindo, depois de ameaçar destruí-lo, caso seguisse o deputado federal João Carlos Bacelar no rompimento com o DEM e na aliança com o governador Rui Costa. O petenista queixou-se também das 300 demissões supostamente promovidas pelo alcaide na Prefeitura entre os quadros do partido e da existência de servidores fantasmas.

Denunciou ainda que uma escadaria, cujas obras foram iniciadas (depois da espera de um ano pelo serviço prometido pelo Município) pela comunidade na Av. Fonseca, próxima ao Centro Social Urbano do Luiz Anselmo, foi destruída por funcionários municipais, com apoio policial. Em sua opinião tratou-se de mais uma retaliação realizada por Neto. O edil recebeu a solidariedade de boa parte da bancada oposicionista, entre eles Carlos Muniz e Kiki Bispo (PTN), Arnando Lessa e Gilmar (PT) e Aladilce Souza (PCdoB).

O ataque não ficou sem resposta. O líder governista Joceval Rodrigues (PPS), Pedrinho Pepê (PMDB), Euvaldo Jorge (PP) e principalmente Leo Prates (DEM) saíram em defesa do prefeito. De acordo com o democrata há uma semana funcionários da Sucop foram expulsos da localidade quando iam justamente iniciar a obra, daí terem solicitado acompanhamento da polícia. A demolição se deu porque a construção não atendia a requisitos técnicos e de segurança.

Cidade imaginária

Mas a guerra não parou por aí. Antes da denúncia de Beca Gilmar já havia criticado a mensagem lida por Neto na segunda-feira, 2, acusando-o de pintar “uma cidade do Salvador que só existe na imaginação dele e dos seus auxiliares”.

Ele questionou as realizações na mobilidade urbana elencadas pelo prefeito, afirmando que esses grandes projetos na capital na verdade estão sendo feitos pelo governo do Estado. E lembrou a recuperação da Ladeira do Cacau, ligando o Largo do Tanque ao São Caetano, que se arrasta há dois anos, depois que a Prefeitura assumiu a responsabilidade da obra: “Do jeito como as coisas estão lá nem em mais quatro anos será concluída”.

Para o petista, ao contrário do que a propaganda oficial diz a região da Barra vive uma crise sem precedentes, pois os comerciantes foram prejudicados com a dificuldade de acesso das pessoas, além do banimento dos vendedores ambulantes. Em sua opinião o prefeito promoveu uma “faxina étnica” na área e os moradores da periferia não podem circular mais por lá.

Na área da educação, afirmou, existem mais de 100 crianças fora da escola, pois não foi construída uma só creche nesses dois anos de governo. Segundo ele o governo estadual está oferecendo mais vagas que o município no ensino fundamental 2, da 5ª à 8ª série: “Salvador tem a pior educação entre as maiores capitais brasileiras”.

O oposicionista reclama também da demora da administração municipal em emitir os alvarás para as obras do metrô. Foram seis meses para  liberar a estação de transbordo do Bonocô e oito meses para a linha 2, mesmo assim limitando a autorização até Pernambués, ficando pendente o trecho referente à Av. Paralela.