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Veja e Redacion , SP e Salvador |
14/12/2014 às 12:57
Segundo Veja, Negromonte recebeu R$150,00
Foto: VEJA
Depois de tantas revelações sobre engenharias corruptas complexas de sobrepreços, aditivos, aceleração de obras e manobras cambiais engenhosas, a Operação Lava-Jato produziu agora uma história simples e de fácil entendimento. Ela se refere ao que ocorre na etapa final do esquema de corrupção, quando dinheiro vivo é entregue em domicílio aos participantes. Durante quase uma década, Rafael Ângulo Lopez, esse senhor de cabelos grisalhos e aparência frágil da fotografia acima, executou esse trabalho.
Ele era o distribuidor da propina que a quadrilha desviou dos cofres da Petrobras. Era o responsável pelo atendimento das demandas financeiras de clientes especiais, como deputados, senadores, governadores e ministros. Braço-direito do doleiro Alberto Youssef, o caixa da organização, Rafael era “o homem das boas notícias”. Ele passou os últimos anos cruzando o país de Norte a Sul em vôos comerciais com fortunas em cédulas amarradas ao próprio corpo sem nunca ter sido apanhado. Em cada cidade, um ou mais destinatários desse Papai Noel da corrupção o aguardavam ansiosamente.
Os vôos da alegria sempre começavam em São Paulo, onde funcionava o escritório central do grupo. As entregas de dinheiro em domicílio eram feitas em endereços elegantes de figurões de Brasília, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Maceió, São Luís. Eventualmente ele levava remessas para destinatários no Peru, na Bolívia e no Panamá.
PROPINEIROS
O atual conselheiro do Tribunal de Contas dos Muncípios da Bahia (TCM-BA), Mário Negromonte (PP), foi ministro das Cidades no primeiro ano do governo Dilma Rousseff e, na época, o então deputado federal recebia propina no esquema de desvio de dinheiro da Petrobras em seu apartamento funcional, em Brasília. As denúncias são da revista Veja e também apontam o deputado federal Luiz Argôlo (SD) como um dos beneficiados no sistema "delivery" de dinheiro. O serviço era feito pelo entregador oficial do grupo liderado pelo doleiro Alberto Yousseff, Rafael Ângulo Lopez, que também atendia governadores e senadores.
Negromonte seria, segundo a publicação, um assíduo frequentador do escritório de Alberto Yousseff. O irmão de Mário, Adarico Negromonte, foi preso na Operação Lava Jato por ser apontado nas investigações Polícia Federal como o transportador ilegal de valores para o grupo. Mas, embora trabalhasse para Yousseff, parte do salário era pago pelo então ministro.
"Apesar de ter um irmão plantado no coração da quadrilha, era Rafael Ângulo o encarregado de levar ao ministro, em Brasília, mesadas quinzenais de R$ 150 mil. O dinheiro era entregue no apartamento funcional da Câmara dos Deputados", diz trecho da reportagem da Veja. Negromonte nega que tenha recebido qualquer diinheiro.
Antigamente no PP e hoje no Solidariedade, o deputado baiano Luiz Argôlo era o que mais dava trabalho aos carregadores de dinheiro de Yousseff, segundo a revista. Frequentador semanal do escritório do doleiro, Argôlo teria transportado de uma só vez para a Bahia uma quantia de R$ 600 mil. Para o transporte, era utilizado um avião particular que partia do aeroporto de São José dos Campos, a 100 quilômetros do escritório de Yousseff e a operação contava com a ajuda de Lopez.
Em Brasília, para evitar imprevistos no ato de entrega da propina ao apartamento funcional de Argôlo, o entregador se dirigia ao quarto do parlamentar e escondia o dinheiro embaixo da cama.
Delivery - Durante quase dez anos, Rafael Ângulo Lopez era o distribuidor da propina e cruzava o país fazendo as entregas e também era o braço direito de Yousseff. As cédulas eram transportadas amarradas ao corpo sem nunca ter sido barrado e por vezes contava coma ajuda de dois ou três comparsas.