O Dia Nacional da Consciência Negra foi comemorado na Câmara de Salvador com duas palestras sobre a discriminação do negro na sociedade, na manhã desta quinta-feira, 20, no Plenário Cosme de Farias. Os palestrantes foram os professores Cecília Soares e Samuel Vida, numa atividade dirigida pela vereadora Vânia Galvão (PT), presidente da Comissão da Reparação.
A petista ressaltou a importância do 20 de novembro como forma de relembrar as lutas travadas pelos negros no Brasil: “Sinto-me muito honrada em presidir a sessão solene. É uma data que deve ser comemorada por toda população”. Em classificou de “limpeza étnica” a proibição a trabalhadores negros de rua de comercializar seus produtos.
Presente à sessão Waldir Pires (PT) relembrou a história de luta do povo negro e destacou conquistas obtidas na sociedade: “Avançamos de tal forma que incluímos a dignidade humana no Artigo 1º da Constituição do Brasil. É esse o intuito desta data: a representação da dignidade humana independente de cor”.
Segregação mascarada
Para Hilton Coelho (PSOL) a segregação racial continua nos dias de hoje de forma mascarada: “Por trás de um debate que fala de modernização, existem proposições que fazem um segregamento cruel na nossa cidade. As reformas privativas vêm para criar uma cidade ilusória. Temos que nos manter atentos para não cometer o mesmo erro de antes”.
Alemão (PRP) homenageou seu avô negro, que o criou, e relembrou as dificuldades ao chegar à capital baiana: “Aos 11 anos, eu já estava trabalhando e meu avô não tinha fortuna. Mas me deu muito amor. Representar o negro é representar a minha família”. Ele aproveitou a oportunidade para assegurar o valor da capoeira, “uma raiz do negro e uma forma de ressaltar sua liberdade”.
Todo dia é dia de negro
Em sua palestra a professora Cecília Soares defendeu que “o Dia da Consciência Negra é todo dia”. Ela trouxe informações históricas de como a sociedade tem sido excludente com o negro ao longo dos anos, discriminando-o e lançando-o negativamente, como pode ser comprovado pelas estatísticas.
Na opinião do advogado e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Samuel Vida, a luta do povo negro é uma história que merece ser contada em pinturas, livros, painéis e monumentos públicos como forma de elevar a autoestima. Ele criticou os estereótipos raciais e as ideologias subalternas disseminadas de forma agressiva pelas redes de televisão.
A sessão solene regimental também teve recital de poesia, com a declamação de versos que destacaram a relação respeitosa do negro com a natureza, cuja harmonia foi destruída pela ação do homem branco conquistador.