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Tasso Franco , da redação em Salvador |
03/10/2014 às 12:12
Debate na Rede Globo deveria ter sido feito mais cedo
Foto: Globo
O debate promovido ontem e madrugada de hoje pela Rede Globo entre os candidatos a presidência da República se deu em alta tensão, nervos à flor da pele, a maioria dos candidatos atacando a presidente Dilma Rousseff, o que é natural por ser a líder nas pesquisas, Aécio e Marina travando um confronto particular para ver qual dos dois vai ao segundo turno com Dilma, e os demais candidatos compondo o cenário.
Entre eles, nesse segundo time, porque não têm chances de chegarem ao Planalto, Luciana Genro (PSOL) e Eduardo Jorge (PV) se destacaram.
Diria, ainda, que falando para o eleitor de uma forma mais abrangente, quem melhor se saiu no debate foi Aécio Neves, o candidato do PSDB, pois foi o que se apresentou mais descontraido, utilizou uma linguagem mais compreensível ao telespectador e soube traduzir bem o sentimento de indignação dos brasileiros mais conscientes diante da corrupção reinante na Petrobras, com o escândalo do diretor da estatal hoje preso domiciliar com uma tornozeleira. Essa atitude de Aécio, o levou a ser o mais tuitado nas redes sociais com 391.606 vezes.
A presidente Dilma também não derrapou a ponto de perder eleitores durante o debate, manteve a postura de zangada o tempo todo - o que é uma caracteristica inata da presidente - e defendeu seus pontos-de-vistas com firmeza. Curioso é que Dilma é mais propositiva e melhor no debate quando parte para o ataque do que quando expõe feitos do seu governo. Nesses momentos, de mostrar o que realizou gaguejou algumas vezes.
No confronto com Marina, Dilma saiu-se bem ainda que, para o eleitor médio, as discussões sobre a autonomia (ou independência) do Banco Central sejam irrelevantes porque não são compreensíveis.
Orientada por seu marketeiro, a presidente insistiu em velhos chavões que o PT sempre se utiliza nos debates, o avanço do Bolsa Familia para mais de 50 milhões de brasileiros, a provável privatização da Petrobras e dos bancos oficiais - Caixa e Banco do Brasil.
Esse tema, que pegou forte na campanha contra Alckmin x Lula, desta feita soa mais como um artificio de baixo teor do que de qualquer outra coisa, ainda que satisfaça a tropa petista e daqueles que, na atualidade, se beneficiam desses órgãos.
Nesse campo, Marina teve sua melhor participação no debate e disse cara-a-cara com Dilm que se eleita for vai devolver a Petrobras aos brasileiros, "teremos uma gestão que engrandecerá a empresa, e que não a diminua como foi feita no seu governo". Ademais, comentou que se não fosse a Policia Federal, segundo Marina, "ainda teríamos a continuidade dessas pessoas que estavam assaltando os cofres públicos".
Dilma usou a estratégia do contra-ataque com outro malefício e disse que "o seu diretor de fiscalização do Ibama foi afastado do meu governo por desvio de recursos e eu não sai dizendo que você tinha acobertado corrupção, esse diretor nós investigamos, nós prendemos", frisou a presidente.
Ainda assim, mesmo Dilma dizendo que o PT não escondeu debaixo do tapete a corrupção e mandou apurar muitos casos e prender muita gente, ao telespectador os casos da Petrobras, mais recente, e do "Mensalão", mais antigo, estão agregados ao PT como marcas dificeis de serem retiradas.
O debate da Globo também adotou um modelo estilo debate dos candidatos a presidência dos Estados Unidos, no modelo cara-a-cara, em pé, e isso foi bom e esquentou bastante o confronto. Poderia, no entanto, ter sido realizado mais cedo, no horário da novela das 9, e não tarde como foi o que não permite que milhões de brasileiros o assista.
Ademais, ao contrário do que aconteceu na Bahia onde Paulo Souto (DEM) não perguntava a Rui Costa (PT) e vice-versa; no debate presidencial Dilma, Aécio e Marina se confrontaram várias vezes e tanto Dilma, a lider das pesquisas, não se esquivou de perguntar a Aécio; nem a Marina. Nem vice versa, com Aécio perguntando a Marina; vice-versa; e Aécio e Marina questionando Dilma.
Uma boa lição para os marketeiros e candidatos regionais. Na Bahia, por exemplo, todos os debates na TV foram insossos porque os principais candidatos ao governo se esquivavam um do outro.
Destaque ainda ao confronto entre Levy Fidelix (PRTB) em relação a declarações feitas em debate anterior, que pediu enfrentamento a gays e foi criticado e chamado de nojento nas redes sociais. Luciana Genro (PSOL) disse: "Tu deveria ter saído daquele debate algemado, direto para a prisão". Levy revidou não só a ela, mas também a Eduardo Jorge, dizendo que falava em nome da familia brasileira, e disse que Eduado Jorge "faz apologia ao crime ao defender que o jovem consuma maconha".
Também houve um confronto mais ácido entre Luciana x Aécio quando esta quis imputar casos de corrupção e mensalão no PSDB e Aécio a classificou como leviana. No debate entre Eduardo Jorge e Aécio houve uma espécie de compadrio; e entre Fidelix e pastor Everaldo a mesma coisa. No final, Everaldo citou a atitude da presidente em defender os jidahista islâmicos, a presidente pediu direito de resposta, mas não obteve.
Portanto, foi um debate tenso, bom para eleitor, e se não alterou a posição de Dilma pode fazer um bom efeito e ganho para Aécio diante de Marina, pois, esperava-se mais da candidata do PSB.
Essa é a nossa opinião.