Filho mais velho do candidato, João Henrique, falou em manutenção do legado do pai na política a familiar
O Globo , Recife |
14/08/2014 às 14:04
Sepultamento deverá ser no sábado
Foto: Rep
RECIFE - Os familiares do candidato à Presidência da República Eduardo Campos, que morreu na quarta-feira em acidente aéreo, condicionaram a liberação do corpo com a dos demais mortos no jatinho particular, informou o colunista do Globo, Merval Pereira. Em conversa com o primeiro vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, a viúva do pesebista, Renata, disse que aceitaria a liberação dos restos mortais sem maiores análises para o enterro de Campos, mas que não quer que isto aconteça sem que o mesmo ocorra com os outros seis que morreram no voo.
Amaral ainda revelou ao colunista que o governador Geraldo Alckmin disse ser provável a liberação do corpo nesta sexta-feira, o que confirmaria o enterro no sábado, conforme a previsão da família do presidenciável.
Enquanto esperam a definição, familiares recebem as visitas de amigos e políticos em casa.Os visitantes salientam que a esposa de Campos, Renata, e os cinco filhos do casal, ainda que abalados com a tragédia, estão serenos.
FILHO DE CAMPOS FALA EM MANUTENÇÃO DO LEGADO DO PAI NA POLÍTICA
Um dos primos de Eduardo Campos, Joaquim Pinheiro, disse que os filhos do ex-governador estão reagindo com "firmeza" e que o filho homem mais velho, João Henrique Campos, 20 anos, apesar do luto, falou da manutenção do legado de Campos na política.
- João disse que perdeu um pai e um líder, mas que tem de dar um jeito de que a bandeira dele não caia, para que os ideais dele sejam o futuro do país - relatou Joaquim.
O primo de Campos disse que o clima ainda é de "perplexidade" com a perda e que a família está tentando entender o que aconteceu e ajudar uns aos outros "para procurar não perder o chão". Joaquim esteve com Campos pela última vez no sábado, no Crato (CE), na festa de aniversário de 90 anos de sua mãe, tia-avó do candidato. Segundo o parente, Campos teria dançado boa parte da noite com a filha Maria Eduarda e a esposa Renata.
O procurador-geral de Justiça de Pernambuco, Agnaldo Fenelon, afirmou que Campos foi um exemplo de gestor público para o estado e que o seu legado deve ser seguido. Segundo Fenelon, os familiares estão muito sentidos e conversando pouco com as visitas.
- O luto é interminável para a família e para Pernambuco. Eduardo Campos era um exemplo de gestor público. Fica agora o seu legado para ser seguido, com um estado que está crescendo a cada dia. A família é muito forte, mas é um momento de silêncio e sentimento. A dor nos olhos e nos abraços que eles dão é muito grande - pontuou.
Motorista da família Arraes desde 1971, Everaldo Procópio, que atualmente era assessor de Eduardo Campos, também lamentou a perda.
- Vivi minha vida toda com eles, deixei tudo para viver com eles - comentou.
Do lado de fora da casa, um eleitor de Eduardo homenageou o candidato com uma gravação da música “Madeira que cupim não rói”, de Capiba. A canção, uma espécie de hino da esquerda pernambucana, encabeçada pelo PSB, era a predileta do escritor Ariano Suassuna, amigo íntimo da família, que faleceu no mês passado. O escritor, que se engajou nas campanhas de Miguel Arraes e Eduardo, sempre puxava essa música nas concentrações de eventos políticos.
- Vim aqui fazer essa homenagem ao guerreiro batalhador. Eduardo, sei que você está me ouvindo, Pernambuco toda está chorando. Que sua família continue o seu trabalho -declarou Pedro Roberto Salada.
A expectativa dos familiares é que os restos mortais de Campos cheguem a Recife amanhã para que possa ter início o velório, com missa em praça em pública, na Praça da República, em frente ao Palácio do governo. O pedido de uma missa aberta foi feito pelo arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, e acatado por Renata Campos.
'EU GANHEI UM IRMÃO E AGORA O PERDI'
Mais cedo, o prefeito de Recife, Geraldo Julio, e do presidente do PSB pernambucano, Sileno Guedes visitaram a família. Muito emocionado, o prefeito da capital, que esteve com a família de Campos até as 2h da noite anterior, comentou o clima de perda.
— A dor é muito grande. Eduardo não é só um líder político, é o maior líder político que já conheci. Ele é uma figura humana maravilhosa. Eduardo, grande pai, marido, irmão, amigo, uma pessoa realmente iluminada, muito diferenciada. Uma tragédia muito impactante, e com apenas 49 anos — disse Geraldo Julio.
A eleição do prefeito em 2012 foi uma façanha eleitoral comandada por Eduardo Campos. O então governador de Pernambuco decidiu apostar em seu secretário do Desenvolvimento, que nunca havia concorrido a uma eleição. Com o apoio de Campos, Geraldo Julio foi eleito no primeiro turno. O prefeito trouxe uma mensagem de agradecimento da família de Campos.