Presidente foi indagada sobre adesão de aliados ao movimento 'Volta, Lula'.
Chefe do Executivo deu entrevista nesta quarta (30) a rádios de Salvador.
Da Redação , Salvador |
30/04/2014 às 14:01
Presidente Dilma em Camaçari com gov Wagner, prefeito Ademar e Marcelo Nilo
Foto: Carol Garcia
Diante da pressão de aliados para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dispute a corrida pelo Palácio do Planalto nas eleições de outubro, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira (30) que irá "tocar em frente" sua candidatura pela reeleição mesmo sem o apoio dos partidos governistas.
A chefe do Executivo concedeu entrevista à Rádio Metrópole e à Rádio Tudo, de Salvador, e comentou sobre a intensificação do movimento "Volta, Lula" após ter sido questionada sobre o "fogo amigo".
"Este é um ano eleitoral. Em um ano eleitoral, é possível que ocorram todas as hipóteses que você conceber e ainda aquelas que você não conceber [...] Gostaria muito que, quando eu for candidata, eu tivesse o apoio da minha própria base. Agora, não havendo esse apoio, a gente vai tocar em frente", enfatizou.
Na segunda-feira (28), a bancada do PR na Câmara dos Deputados, integrante da base governista, anunciou apoio ao movimento "Volta, Lula", que tem adeptos no PT e defende que o ex-presidente concorra ao pleito daqui a cinco meses.
Na ocasião, o líder do PR, deputado Bernardo Santana (MG), leu um manifesto assinado por 20 dos 32 deputados federais do partido. Nele, a bancada "reivindica" o retorno de Lula. Segundo Santana, se o PT mantiver Dilma como candidata, os deputados pretendem reavaliar o apoio ao partido aliado na convenção nacional do PR.
Questionada sobre a pressão de parte da base governista, Dilma tentou minimizar as críticas. De acordo com a chefe do Executivo, sua preocupação é "governar o país".
"Sempre, por trás de todas as coisas, existem outras explicações. Não vou me importar com isso [a crise com a base aliada]. Daqui até o final do ano, tenho uma atividade importante para fazer. Não posso me desligar nem um pouco dela: é governar este país", ressaltou a presidente.
'Senso prático'
Em um café da manhã com jornalistas nesta quarta-feira, o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, afirmou que a discussão sobre a campanha "Volta, Lula" não tem "senso prático". Na avaliação dele, que é ex-presidente nacional do PT, "não é razoável" a base aliada abrir uma discussão neste momento sobre quem irá encabeçar a chapa petista.
Não é razoável que nós entremos agora em um debate que não tem muito senso prático, com todo o respeito àquelas pessoas que defendem o 'Volta, Lula'"
Ricardo Berzoini, ministro das Relações Institucionais.
"A presidenta Dilma tem o direito da eleição e certamente vai exercer esse direito com o apoio do PT e de vários outros partidos. Então, não é razoável que nós entremos agora em um debate que não tem muito senso prático, com todo o respeito àquelas pessoas que defendem o 'Volta, Lula'", opinou.
Responsável pela articulação política do governo, Berzoini reconheceu que há aliados defendendo o retorno de Lula, mas essa ala seria "minoritária".
"O sentimento do 'Volta, Lula' é um sentimento que nós entendemos que tem uma base real, porém, minoritária no mundo político, porque as pessoas sabem que, muito além da discussão de apreço pelo Lula ou pela presidente Dilma, está uma discussão de estratégia política."