A Câmara de Salvador comemorou o Dia Mundial e Municipal da Saúde com uma sessão regimental na manhã desta segunda-feira, 7, dirigida pela vereadora Fabíola Mansur (PSB), no Plenário Cosme de Farias. A atividade foi marcada por palestras temáticas sobre “Regulação das Emergências de Salvador”, “Dificuldades do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu)” e “Investimentos na Saúde Pública”.
Para a socialista, vice-presidente da Comissão de Saúde da CMS, as emergências de Salvador vivem em estado de penúria, com “falta de financiamento, elevada carga tributária e hospitais sucateados”. Por conta disso, “os usuários são os que mais sofrem”. Em sua opinião, “temos muito que avançar no Sistema Único de Saúde”.
Aladilce Souza (PCdoB), integrante da Comissão de Saúde, mostrou otimismo: “Nós não podemos desistir do Samu. Não podemos duvidar que o SUS pode se concretizar. Duvidar disso é abdicarmos de um direito fundamental”.
Matemática complicada
Na primeira palestra temática, a médica Vincenza Lorusso mostrou que a regulação (sistema de acolhimento de solicitações de ajuda efetuado por um médico com o propósito de triar, distribuir e monitorar o socorro de forma efetiva) é uma matemática que não fecha porque “o sistema de saúde não acompanha o crescimento e o envelhecimento da população”. Como soluções, defendeu mais cuidado do cidadão com a própria saúde e ampliação dos investimentos em atenção básica.
As dificuldades enfrentadas pelo Samu 192 foram destacadas na palestra do médico Ivan de Mattos Paiva, coordenador do serviço móvel. Ele denunciou a redução do número de médicos do serviço, por conta da demanda e das condições de trabalho, e apresentou entre as dificuldades “a superpopulação das redes hospitalares, os trotes, o trânsito caótico de Salvador, o endereço inadequado e a não regulação dos pacientes”.
O “quadro desastroso da saúde no Estado e no Município” foi apontado pelo médico José Abelardo Garcia de Meneses, presidente do Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb), defendendo uma maior distribuição de renda da União para os municípios. Ele pediu mais atenção para a média complexidade, vendo como “grande gargalo da saúde”, e reivindicou investimentos em prevenção.
Leitos insuficientes
De acordo com o secretário Estadual de Saúde, Washington Luís Silva Couto, 79% da população baiana é coberta pelo Samu, ou seja 12 milhões de pessoas. Reconheceu o número insuficiente de insuficiente, mas frisou que houve uma ampliação nos últimos anos e foram investidos R$715 milhões.
O secretário Municipal de Saúde, José Antônio Rodrigues Alves, destacou os avanços na atenção básica à saúde na capital, saltando de 18% para 32% da cobertura: “É um avanço significativo, mas precisa se avançar muito mais. Não podemos perder a esperança e a expectativa de que é possível fazer mais para a população”.
A promotora de Justiça Kárita Conceição assinalou que o Ministério Público da Bahia tem visitado as unidades de saúde para buscar melhorias. Ela lembrou que existe uma inversão no cumprimento da Constituição, ficando a prevenção em segundo plano. Outros palestrantes da área de saúde destacaram a importância do debate.
O debate contou com a participação dos vereadores Odiosvaldo Vigas (PDT), Vânia Galvão (PT), Arnando Lessa (PT) e Leo Prates (DEM). Ainda na sessão regimental, com faixas, o Sindicato dos Médicos defendeu melhores condições de trabalho.