Política

BLOCOS AFROS e afoxés criticam mudanças do Carnaval 2014 em Salvador

Comerciantes e moradores também engrossaram o coro dos descontentes
| 21/03/2014 às 19:06
Audiência sobre o Carnaval. No detalhe, a mesa diretora dos trabalhos
Foto: Danilo Moraes

Representantes de blocos afro e afoxés, moradores e comerciantes mostraram-se insatisfeitos com algumas mudanças promovidas pela Prefeitura no Carnaval deste ano em Salvador. As opiniões foram expressas durante uma audiência pública sobre o assunto, realizada pela Câmara Municipal (CMS) na última quinta-feira, 20.

Requerido pela vereadora Vânia Galvão (PT), o debate contou com a participação de gente como Neuza Torre, proprietária de uma pousada há mais de 30 anos na Rua Carlos Gomes. Ela também considerou que “o bairro Dois de Julho foi totalmente abandonado”.

Ela esperava que a Rua Carlos Gomes se tornasse palco de manifestações tradicionais com desfile de marchinhas e de entidades de matriz africana, mas se decepcionou: “Foi o pior Carnaval em 36 anos que estou na Carlos Gomes. Nunca imaginei que veria um supermercado fechar as 22h e não poder comercializar determinada marca de cerveja. E quem comprasse cerveja que não fosse da marca patrocinadora, os guardas municipais obrigavam a jogar no chão. Se autointitulavam policiais”.

Outro ponto negativo em sua visão foi o estacionamento de trios elétricos na via: “Não colocaram iluminação adicional na Carlos Gomes. Entre os trios estacionados tinha gente praticando sexo, usando droga ou utilizando o local como banheiro. Muita coisa eu fotografei e coloquei na fanpage ‘Vote Carlos Gomes’, no Facebook”.

Os dirigentes dos blocos afro e afoxés se disseram indignados ainda com o repasse de R$ 326 mil, feito pela prefeitura, para a Associação Baiana das Entidades Carnavalescas Afro, Afoxés e Pessoas Jurídicas Afins. Ninguém, entre os 30 representantes afirmou conhecer a entidade.

A edil petista anunciou a realização de uma nova audiência nas próximas semanas, desta vez com a convocação de prepostos da Polícia Militar da Bahia, Ministério Publico do Estado, Defensoria Pública. A Secretaria Municipal do Desenvolvimento do Turismo e Cultura (Saltur) e a Ordem dos Advogados do Brasil na Bahia (OAB-BA) serão novamente convidadas. Uma comissão também será criada para acompanhar as próximas discussões.

O ex-vereador Alcindo Anunciação (PT) defendeu a participação popular nas diretrizes do Carnaval, e criticou a forma como a festa é comercializada para o exterior: “O Carnaval de Salvador é vendido para o mundo como afro, mas aqui somos deixados de lado”.