Política

SEM DIÁLOGO COM GOVERNO, PROFESSORES RADICALIZAM E AMEAÇAM ANO LETIVO

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| 27/04/2012 às 23:00
Enterro simbólico de Wagner e cartazes com todos os deputados traidores
Foto: BJÁ

   Neste sábado os professores fazem uma festa no saguão da Assembleia, "De Volta aos anos 80" e dizem "foi uma década em que todos nós sonhávamos e lutávamos por um país democrático. Conseguimos redemocratizar o país, mas infelizmente alguns militantes daquela época e que hoje estão no poder, eleitos inclusive pelos trabalhadores em educação, surpreendentemente demonstram práticas ultrapassadas de forças negativas da sociedade".


    Nós vencemos inimigos poderosos, temos uma caminhada de vitórias ao longo dos 60 anos da APLB-Sindicato - completados em 24 de abril - e por isso o que acontece no momento é mais um obstáculo que a categoria vai superar e derrotar.


   O movimento radicalizou. Sem diálogo com o governo não haverá reposição de aulas, caso o Estado mantenha a liminar que determina o corte do ponto dos professores, afirmou o presidente da APLB-Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado, Rui Oliveira, durante assembleia da categoria, no CAB (Centro Administrativo da Bahia), nesta sexta, 27. A greve caminha, neste sábado, 28, para o 18º dia, sem que governo e professores ponham fim ao impasse, que tem gerado prejuízo para cerca de 1,5 milhão de estudantes em todo o Estado.


   Também nesta sexta, enquanto participava de uma cerimônia de comandantes do 2º Distrito Naval, no Comércio, o governador Jaques Wagner reiterou a posição do governo, de que não há possibilidade de reajustar o salário dos professores da rede pública estadual ao nível do piso nacional, fixado atualmente em 22,22%, sob pena de descumprir o limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal.


   "Não existe hipótese alguma de aumentar o piso dos professores para a porcentagem que eles exigem. Se for dado este aumento, será uma despesa de R$ 500 milhões por ano", declarou Wagner, para quem o salário dos professores "está entre os melhores do país". "Deve haver um bom senso, pois, tenho de cumprir com o limite fiscal que é imposto. Peço aos professores que retornem às aulas, para não acontecer tantos prejuízos aos alunos", convocou o governador.


   Fundeb -
Autor de uma tese de doutorado sobre o antigo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), atual Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), o professor doutor em Educação pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), José Wellington Aragão desconstrói o discurso que o governo do Estado sustenta.

"É estranho o Estado dizer que não tem recursos para pagar os professores, uma vez que 60% das verbas do Fundeb são para o pagamento dos docentes, desde a pré-escola até o ensino médio", acrescentou Aragão, ao avaliar que o livre trânsito do governador Jaques Wagner com a presidente Dilma Rousseff, ambos do PT, seria um facilitador para a captação dos recursos.


Cortejo fúnebre -
Carregando um caixão de madeira, acompanhado por cruzes com as fotos dos deputados da base governista que aprovaram a Lei 19.779/12 - que converte a remuneração dos docentes de nível médio em subsídio -, os professores saíram em cortejo fúnebre pelas avenidas do CAB, da Assembleia Legislativa, passando pela Governadoria, até a Secretaria da Educação, para simbolizar o "enterro do projeto de educação baiano".


"O governador manda dizer que está aberto ao diálogo, mas pede que a Justiça determine o corte do ponto. Dessa maneira, o ano letivo vai ficar comprometido porque não voltaremos às aulas", desafiou o presidente da APLB, Rui Oliveira. De acordo com o dirigente, a disputa com o Estado deixou de ser jurídica para se tornar política. "Toda ação cabe recurso. Vamos recorrer até a última instância", assegurou Oliveira.


Conforme a coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Educação (Ceduc) do Ministério Público estadual, procuradora de Justiça Terezinha Lôbo, a APLB tem 15 dias para apresentar a defesa contra o recurso que declarou a greve ilegal, no último dia 17. Segundo Lôbo, a instituição aguarda a convocação judicial para se manifestar nos autos do processo. "A mediação independe do resultado da ação", afirmou.(APLB/A Tarde e Redação)