Reunião da Executiva do Partido Progressista (PP) nesta terça-feira (13) na Câmara dos Deputados teve bate-boca entre o presidente do partido, Francisco Dornelles, e o deputado Vilson Covatti (PP-RS).
Dornelles se exaltou e censurou o deputado por ele ter citado denúncias de irregularidade no Ministério das Cidades durante o encontro, convocado para tratar das estratégias do PP nas eleições municipais de 2012. O ministro Mário Negromonte estava presente à reunião.
"Muitos falaram aqui sobre unidade. Não há unidade sem democracia. Precisamos exercer a democracia dentro do partido. Nos últimos meses, nós quase perdemos não apenas o ministro [Mário Negromonte] como o Ministério das Cidades", dizia Covatti quando foi interrompido por Dornelles.
"Vossa excelência está criando constrangimento para todos! Vossa excelência está me constrangendo e constrangendo a todos! Não é hora de discutir política. Estamos aqui para discutir o programa do partido", afirmou Dornelles, exaltado.
Em seguida, Covatti se levantou da cadeira com o dedo em riste e disse a Dorneles que não era "moleque". "O senhor tem que me respeitar. Não sou moleque."
Covatti então respondeu que estava apenas defendendo a democracia. Posteriormente, o presidente do PP pediu, no microfone, "desculpas pelo exagero". Em entrevista à imprensa, após a discussão, Covatti afirmou que Dornelles "se insurgiu contra a transparência e a democracia".
saiba mais"Ele tem que entender que um deputado quando fala tem uma história e um mandato. Falta transparência no partido. Quem está falando em nome da bancada sobre o Negromonte se não há nunca reunião da bancada e, quando há, não se pode falar no assunto?", disse.
À imprensa, Dornelles explicou que censurou Covatti porque queria manter o "objetivo" da reunião, de tratar das estratégias de crescimento do PP. "Agora, esse episódio pode trazer sorte. Não há reunião política sem bêbado e sem doido. Vai dar sorte isso", disse.
Emoção
O ministro das Cidades, Mário Negromonte, se emocionou ao discursar na reunião da Executiva e disse que sua "ambição" por cargo em ministério é menor que a importância que dá "à paz de espírito".
"Eu tenho três amores: Minha família, meu partido e meu mandato, logicamente os eleitores. Minha ambição está muito abaixo da minha autonomia, da minha independência, da união do partido e da minha paz de espírito", afirmou, com voz embargada.
Em entrevista à imprensa, o ministro disse que "não tem apego" e não fica de "joelhos para ninguém por causa de cargo"."Cargo não me comove. Dá muito prazer e aí eu dou valor é ao meu mandato. Fogo amigo dentro do ministério tem, de outros partidos também. É um cargo muito cobiçado. Agora, não me incomoda porque não tenho apego e não fico de joelho para ninguém por causa de cargos."
O ministro também destacou que a presidente Dilma Rousseff nunca o chamou para dizer que estaria avaliando tirá-lo do comando da pasta. Ele afirmou ainda que "não há mais fogo amigo" de integrantes do partido contra ele. "Fogo amigo isso já se superou. Isso é convicção plena. Está inclusive correndo uma lista em apoio a mim com a assinatura já de 30 parlamentares."
Denúncias
Reportagem de "O Estado de S.Paulo" acusou servidores da pasta de forjar documento que autorizou mudanças em projeto, ampliando o custo da obra para R$ 1,2 bilhão - R$ 700 milhões a mais do que o previsto na proposta original.
O projeto inicial em Cuiabá previa a construção de um corredor de ônibus (BRT, Bus Rapid Transit, na sigla em inglês), que já contava com financiamento aprovado. Em junho, o governo de Mato Grosso anunciou que pretendia deixar o BRT de lado em troca da implantação de um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). A obra é mais cara, mas, segundo o governo, é necessária para atender a um movimento maior do que o BRT comporta.
Para obter ajuda financeira do governo federal, o governo de Mato Grosso necessitava de um parecer favorável do Ministério das Cidades.
Conforme "O Estado de S. Paulo", a diretora de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Luiza Gomide Vianna, teria forjado parecer do analista de infraestrutura da pasta Higor Oliveira Guerra, que se posicionou contra a mudança no projeto.
O ministro já negou em diversas ocasições as denúncias.