Política

ASSEMBLEIA ENTRA NA BRIGA POR UM NOVO MODELO DE CARNAVAL PARA SALVADOR

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| 05/12/2011 às 18:03
Entidades menores querem direito de arena dos camarotres que faturam R$300 milhões
Foto: BJÁ
  Índio quer apito se não der pau vai comer. Esse é o clima da audiência pública que está sendo conduzida pelo deputado Alan Sanches (PSD), no plenarinho da Assembleia Legislativa, na tarde desta segunda-feira, 5, a pedido das entidades carnavalescas menores e que se sentem discriminadas no Carnaval de Salvador e não recebem direito de Arena dos camarotes e patrocíno das empresas.

  "'É uma discriminação que vem acontecendo ao longo de muitos ano", diz o advogado Otto Pipolo, que fala em nome das entidades e vem conduzindo ações junto ao Ministério Público no sentido de que, um novo modelo de Carnaval seja implantado na capital baiana e onde todos possam ser beneficiados, e não uma pequena parte e que fica com o grosso dos benefícios financeiros.

  A estimativa é de que as 70 empresas que comandam os camarotes no Carnaval de Salvador faturem algo em torno de R$300 milhões a R$400 milhões durante a festa, incluindo todos os serviços, patrocínios empresariais, merchandising, venda de ingressos e outros.

  "E o que é mais grave - diz Pipolo - esses senhores e senhoras do Carnaval, uma minoria, não paga nada aos blocos carnavalescos que, de fato fazem a festa com sua cultura, com suas manifestações populares advindas dos bairros, das comunidades do povo-de-santo e da população mais pobre da capital, e levam o grosso do dinheiro para casa.

  COMANCHEIRO

   Na opinião de Jorginho Comancheiro, o qual participa da audiência juntamente com Jerônimo, Nadinho do Congo e representantes de oito associações que congregam 135 entidades, eles estão matando a "galinha dos ovos" de ouro e não querem compartilhar conosco, os dividendos que são auferidos na festa.

   Comancheiro disse ao BJÁ que necessita de algo em torno de R$350 mil para colocar seu bloco nas ruas durante do Carnaval (Os Comanches), mas, ano passado só conseguiu R$85 mil do Governo do Estado através do Carnaval Ouro Negro e mais R$60 mil do Banco Itaú.

  "O resultado é que tivemos que podar o nosso desfile, diminuimos a participação do nosso pessoal, e, mesmo assim conseguimos ir às rua", comenta para o BJÁ dizendo que a situação está a cada ano mais difícil.

   Comancheiro diz ainda que o dinheiro do Carnaval Ouro Negro, do Governo do Estado, é muito pulverizado e acaba uma quantia pequena para cada entidade, o que não garante, pelo menos no caso de "Os Comanches" nem 1/3 do que precisa ser investido em cada Carnaval, embora considere a ajuda importante.

  LUTA CONTRA OS CAMAROTES

  Na audiência o que mais se discutiu foi uma participação das empresas que controlam os camarotes e que ganham verdadeiras fortunas, algumas até R$7 a R$10 milhões num Carnaval, e para isso, segundo o advogado Otto Pipolo é necesário que a Câmara de Vereadores vote um Projeto de Lei que discipline o Direito de Arena e normatize um Fundo para ser distribuido por quem faz a festa.

   Durante o encontro, o vereador Sandoval Guimarães, PMDB, que abraça a causa de um novo modelo de Carnaval para Salvador está encampando a idéia e levar o assunto adiante na Câmara.