A passagem dos 25 anos da Pastoral da Criança foi marcada, na manhã de ontem, por uma sessão especial realizada na Assembleia Legislativa. Proposto pelo deputado Yulo Oiticica (PT), o evento teve como objetivo homenagear o organismo da Igreja Católica que, nesse quarto de século, é apontado como um dos responsáveis diretos pela redução da mortalidade infantil no Brasil.
A audiência contou com a participação de lideranças políticas, comunitárias e religiosas como Carlos Brasileiro, secretário estadual de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza; dom Gregório Paixão, representante do arcebispo primaz, dom Murilo Krieger; Edmundo Kroger, coordenador do Fórum Estadual da Criança e do Adolescente; Adoni Vidal Silva, coordenadora arquidiocesana; Cosme Oliveira Santos, coordenador estadual da Pastoral da Criança; dentre diversas outras.
Em seu discurso, Yulo Oiticica fez questão de homenagear os voluntários que atuam na instituição. "Por causa desses homens e mulheres, a Pastoral da Criança é reconhecida como uma das mais importantes organizações em todo o mundo a trabalhar em ações de combate à mortalidade infantil e melhoria da qualidade de vida das crianças e suas famílias. É o líder da Pastoral quem leva, de porta em porta, esperança a famílias que muitas vezes não têm esperança pra ver o seu filho crescer saudável", observou o deputado petista.
SOLIDARIEDADE
Para ele, a Pastoral é uma instituição de base comunitária que tem seu trabalho baseado na solidariedade e no combate às desigualdades sociais. "Na condição de organização que congrega o maior número de voluntários em nível nacional, a Pastoral da Criança surgiu da compreensão científica de que a maior parte das doenças e mortes infantis, nos países pobres, poderia ser facilmente evitada através de tecnologias simples e baratas".
Como não poderia deixar de ser, a fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, morta no terremoto que atingiu o Haiti em janeiro de 2010, foi muito lembrada durante a sessão especial. O secretário Carlos Brasileiro, por exemplo, citou um discurso proferido por Zilda no Haiti, no qual ela diz que "a construção da paz começa no coração das pessoas e tem seu fundamento no amor, que tem suas raízes na gestação e na primeira infância e se transforma em fraternidade e responsabilidade social".
Já o coordenador estadual da Pastoral da Criança, Cosme Oliveira Santos, manifestou sua preocupação de que a instituição seja prejudicada com a suspensão do repasse de dinheiro do governo federal a entidades privadas sem fins lucrativos, por conta de irregularidades envolvendo organizações não-governamentais. "A presidente Dilma Rousseff não pode colocar todas as ONGs no mesmo lugar. Tem que olhar caso a caso", argumenta.
Cosme citou como exemplo da importância do trabalho desenvolvido pela Pastoral da Criança a redução dos índices de mortalidade infantil na Bahia. Com ele, que está sucedendo a missionária Zofia Kusy, a Pastoral está presente em todas as dioceses da Bahia, atendendo mensalmente cerca de 220 mil crianças de 0 a 6 anos, com suas 171 mil famílias e aproximadamente 15 mil gestantes num universo de 1.032.476 crianças pobres, de acordo com dados do IBGE.
HISTÓRIA
A Pastoral da Criança foi criada no ano de 1986 com o objetivo de promover o desenvolvimento integral das crianças, através do trabalho de integração envolvendo as famílias e comunidades. Neste trabalho, implementa ações básicas de saúde, nutrição, educação e comunicação. O trabalho social da Pastoral prioriza o atendimento das crianças residentes nos bolsões de miséria.
A semente da transformação social da Pastoral da Criança no Brasil foi plantada inicialmente, no Paraná, quando dom Paulo Evaristo Arns entregou a missão de condução da Pastoral a sua irmã, a Dra. Zilda Arns Neumann, sob a supervisão da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que indicou dom Geraldo Majella Agnelo, na época arcebispo de Londrina, para coordenar os trabalhos.
Na Bahia, segundo Yulo Oiticica, a Pastoral da Criança conta com apoio de uma rede de solidariedade com aproximadamente 260 mil voluntários que realizam atendimento às crianças, famílias e comunidades, sem distinção de raça, cor, profissão, nacionalidade, sexo, credo religioso ou político. "A maioria dos voluntários é formada por mulheres que atuam como líderes nos locais onde moram, orientando as famílias, dando assistência à saúde física e espiritual, exercendo papel fundamental na defesa da vida dos mais pobres" .
Outro ponto lembrado na sessão especial foi o projeto de lei, apresentado por Yulo, que institui o Dia Estadual do Líder da Pastoral da Criança, a ser comemorado no dia 3 de julho. "A aprovação deste projeto pela Assembleia Legislativa da Bahia será um grande estimulo ao protagonismo dos líderes da Pastoral da Criança que de forma substancial fazem intervenções nas realidades dos diversos municípios espalhados por toda a Bahia", concluiu o parlamentar, coordenador da bancada católica da AL.