A Comissão de Saúde e Saneamento da Assembleia Legislativa visitou na manhã de ontem o Instituto de Defesa dos Direitos Humanos Doutor Jesus, conhecido como Fundação Dr. Jesus, centro de ressocialização para dependentes químicos localizado na cidade de Candeias.

O colegiado foi recebido com festa pelos acolhidos, cerca de 910 pessoas, entre homens e mulheres usuários de drogas que buscam tratamento no "primeiro hospital para drogados do país". Os cânticos em louvor a Deus ganharam uma batida especial, quando os tambores dos Timbaleiros de Cristo, banda percussiva da instituição, anunciaram aos visitantes o poder de recuperação espiritual e reinserção social que o espaço produz.

Além de percorrerem as três unidades e conhecerem os alojamentos, os deputados tiveram a oportunidade de conversar com os internos, transmitindo-lhes apoio e palavras de incentivo. "Quem nunca veio aqui não sabe o que esta obra significa. Não conheço nenhum projeto de combate às drogas tão grande como este. A Fundação Doutor Jesus é uma obra muito especial e merece todo apoio dos órgãos públicos", frisou o presidente da comissão, deputado Pastor José de Arimatéia (PRB).

A vice-presidente do colegiado, deputada Graça Pimenta (PR), agradeceu ao idealizador e líder da instituição, deputado Pastor Sargento Isidório (PSB), pela oportunidade de conhecer o projeto. Graça destacou o trabalho desempenhado por Isidório na Assembleia Legislativa em prol da Fundação e parabenizou os internos pelo esforço de sair do mundo das drogas.

"Sei que não é fácil, mas vocês estão conseguindo. Perceber a vontade de vocês para se recuperarem nos alegra imensamente, e essa vontade de vencer é importante para que tenham condições de retomarem suas vidas", ponderou.

O deputado Isidório, que lidera a Fundação Dr. Jesus desde a sua criação, há 19 anos, revelou que, ainda na polícia, era viciado em drogas e planejava assaltos, mas que agora, recuperado, é criticado e encontra dificuldades para manter sua instituição. "Como ex-usuário de drogas, tenho a obrigação de lutar para que outras comunidades terapêuticas sejam organizadas e para que seja acolhido o meu pedido de construção do complexo de tratamento de drogas com esporte, lazer, quadras, piscina, campos de futebol e de vôlei", disse. O deputado ressalta que o dependente químico, embora esteja na marginalidade, não deve ser considerado como criminoso pela sociedade. "O drogado não é um marginal, ele é alguém que está doente e precisa ser respeitado e tratado", explica.

LIBERTAÇÃO

Para Pastor Isidório, principal mantenedor financeiro da entidade, a Fundação Dr. Jesus desenvolve um trabalho social embasado, significativamente, nos valores bíblicos e nos princípios morais defendidos pelos cristãos. Ele acredita no poder da Bíblia para a libertação das drogas e ressalta que em nenhuma das unidades são utilizados medicamentos, muros e cercas, somente a palavra de Deus. "Ninguém aqui é obrigado a ficar. Vocês estão vendo muro aqui? Quem não aceitar as regras não precisa continuar. Todos que estão aqui estão detidos pelo poder de Deus!", disse. Com um jeito todo especial de evangelizar, o deputado canta, dança, toca atabaque e nesse ritmo vai passando os conceitos religiosos e disciplinares, isso porque, segundo Isidório, quando os dependentes químicos chegam à Fundação já perderam todos os valores de cidadania, convivência e respeito.