Recém-empossado ministro do Esporte, Aldo Rebelo disse aceitar "com humildade" o desafio de chefiar a pasta. O ministério sofre com denúncias de corrupção que levaram à queda de Orlando Silva. Rebelo fez ainda afagos ao seu antecessor, do qual disse ser "vítima" das acusações que o enfraqueceram politicamente.
"Aceito com humildade e com consciência das minhas limitações esse desafio que se torna mais leve, se torna menor com o que já foi construído até agora", disse Rebelo. Mais cedo, Orlando Silva se declarou "inocente", sob forte aplauso. "Mais do que inocente, talvez o senhor seja vítima. Talvez essa seja a palavra mais precisa", declarou o novo ministro.
Rebelo aproveitou ainda para elogiar o PCdoB, seu partido, que foi acusado de operacionalizar o esquema de desvio de recursos do programa Segundo Tempo. Segundo o novo ministro, a legenda leva consigo a lutas pelos ideais de igualdade e liberdade.
ONGS
O novo ministro disse também que pretende "evitar" convênios entre a pasta e organizações não-governamentais (ONGs). "Aqueles (convênios) que foram encerrados, a ideia é não renovar e nem criar novos", disse. Para ele, é mais interessante que o ministério faça contratos com organismos governamentais. Ontem, a presidente Dilma Rousseff assinou um decreto que suspendeu por 30 dias os convênios com as ONGs. Rebelo não quis comentar o que seria considerado irregular durante o pente fino a ser feito neste período de suspensão dos contratos.
O ministro disse que começará a fazer as indicações para os cargos de confiança dentro da pasta a partir de amanhã. São postos como secretários e áreas de assessoria de imprensa. Em outra oportunidade, Rebelo disse querer selecionar pessoal técnico e capacitado no mercado. No entanto, os salários do setor público tem sido um obstáculo para atrair esses profissionais. Ele foi evasivo ao responder se as indicações priorizarão filiados ao seu partido: "tanto dentro do PCdoB quanto fora, há nomes", afirmou.
Deputado federal por São Paulo pelo quinto mandato consecutivo, Aldo Rebelo presidiu a Câmara entre 2005 e 2007 e foi ministro-chefe da Secretaria de Coordenação Política e Relações Institucionais de 2004 a 2005, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Sua carreira política teve início no movimento estudantil, chegando à presidência da União nacional dos Estudantes (UNE). Seu primeiro cargo eletivo foi o de vereador da cidade de São Paulo, que exerceu entre 1989 a 1991.
Como deputado, Rebelo foi o relator do projeto de lei que atualiza o Código Florestal. Outros projetos de sua autoria causaram polêmica por sua suposta irrelevância. Um deles é o que trata da promoção, proteção e defesa da língua portuguesa. Atualmente em tramitação no Senado, a proposta combate o uso excessivo de expressões em língua estrangeira. Caso a lei seja aprovada, todos os documentos oficiais do Brasil deverão ser escritos em português. O projeto prevê ainda que toda comunicação dirigida ao público, caso utilize palavras em outra língua, terá tradução para o português. A regra vale para peças publicitárias, relações comerciais, meios de comunicação de massa e informações afixadas em estabelecimentos comerciais.
Outra proposta polêmica foi a criação do Dia do Saci Pererê no dia 31 de outubro - quando, em outros países, é comemorado o Halloween. Em sua justificativa, o político lembrou que o símbolo do folclore é uma "força da resistência cultural à invasão dos x-men, dos pokemons, os raloins (sic) e os jogos de guerra". Conforme o texto do PL 2762/2003, a lei "apoiará as iniciativas, programas e atividades culturais de entidades públicas (...), que poderão contribuir para a celebração do folclore brasileiro, através do Saci e de seus amigos (Iara, Curupira, Boitatá e tantos outros)". A proposta, no entanto, não chegou a ser apreciada por nenhuma comissão da Casa e foi arquivada em janeiro de 2007, ao fim da legislatura.
"Hoje é o dia do Saci e o Saci é o mascote do Internacional", brincou o novo ministro, que é palmeirense