(Atualizada às 22h)
O ministro do Esporte, Orlando Silva, entregou na noite desta quarta-feira o cargo para a presidente Dilma Rousseff. Após uma reunião com ela, que começou às 18h50, o ministro falou à imprensa e anunciou que, para se defender das acusações, o melhor é se afastar do cargo. A pasta ficará temporariamente sob o comando de Waldemar Manoel Silva de Souza, secretário-executivo do ministério.
- O resultado da reunião é que a melhor solução é eu me afastar do governo. Dessa maneira posso defender minha honra. E continuar a defender o trabalho do Ministério do Esporte. Não é possível jogar fora cinco anos de trabalho - disse o ministro
- Eu afirmei à presidente que não há e não houve qualquer prova que me comprometa - afirmou ele em outro momento.
Ele também criticou os delatores das supostas irregularidades no ministério, o policial militar João Dias Ferreira e o motorista Célio Soares, que não compareceram na Câmara para prestar depoimento.
- Esses dois criminosos que fugiram hoje do Congresso Nacional, porque não têm provas.
O ministro defendeu o programa Segundo Tempo, principal foco das denúncias no Ministério do Esporte. Segundo ele, 91% dos convênios são realizados com entes públicos, como prefeituras, e apenas 9% são com ONGs. Ele também garantiu, mais uma vez, que não existem provas de seu envolvimento com as irregularidades.
- É inaceitável tanta calúnia. Espero que num prazo muito breve que tudo seja esclarecido - disse Orlando Silva, ressaltando que foi ele que propôs a apuração das irregularidades: - Eu propus apuração de todos os fatos . Eu determinei a devolução do dinheiro público.
Orlando Silva também foi defendido pelo presidente do PCdoB, Renato Rabelo, que falou em seguida.
- Sabemos que o ministro Orlando é competente, honesto, sincero. Nada foi provado do que o acusam. A acusação foi toda montada de cima, por pessoas desqualificadas - disse Rabelo.
- O nosso ministro foi bombardeado por calúnias, por uma montagem sórdida. Isso causa uma grande indignação ao PCdoB. Estamos com ele desde o primeiro momento - acrescentou
(Atualizada às 15h53min)
Em reunião com deputados e senadores do PC do B, o presidente do partido, Renato Rabelo, informou que o ministro Orlando Silva (Esporte) decidiu pedir demissão do cargo, o que já foi comunicado em conversa mais cedo ao ministro Gilberto Carvalho e será oficializado à presidente Dilma Rousseff num encontro às 17h30.
A reunião dos parlamentares durou cerca de três horas. Ao final, Rabelo pediu à imprensa que aguardasse o encontro com a presidente Dilma, quando o partido espera ser informado se permanece com a pasta.
O partido decidiu na reunião que irá continuar defendendo o ministro das acusações de corrupção na pasta. Segundo um interlocutor da legenda, "a pessoa física" Orlando terá o apoio do partido.
"Vamos continuar na defesa dele, o que foi feito com ele é inaceitável", disse o líder na Câmara, Osmar Júnior (PC do B-PI). As denúncias que envolvem o ministro também atingem o partido. Dinheiro do programa Segundo Tempo, tocado pelo Esporte, teria sido desviado para o ministro e o caixa da legenda. Ambos negam.
Ontem, em reunião na casa do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), a bancada do partido na Câmara já havia chegado a conclusão de que a situação de Orlando se tornou insustentável depois do Supremo Tribunal Federal ter autorizado a abertura de investigação contra o ministro e de a Folha ter revelado que o ministro assinou documento beneficiando uma ONG acusada de desviar dinheiro da pasta.
Rebelo é um dos nomes cotados para assumir o ministério. "Eu não consegui nem ser ministro do TCU, que dirá ministro do governo", despistou. Recentemente, ele perdeu uma eleição para ministro do tribunal de contas. Outros cotados são: Flávio Dino (PC do B-SP) e Luciana Santos (PC do B-PE). Na reunião não se tratou de nomes, segundo participantes.
A decisão final de Orlando de deixar a pasta foi anunciada aos líderes do PC do B durante café da manhã nesta quarta-feira. Foi nessa ocasião que ele colocou sua posição e informou que escreveria uma carta se desligando do governo. O ministro postou em seu twitter que estava almoçando com sua mãe que faz aniversário nesta quarta.
(Matéria das 11h)
Integrante do PC do B afirmou que o ministro Orlando Silva (Esporte) vai entregar o cargo nesta quarta-feira (26) à presidente Dilma Roussef.
O governo já está buscando nomes para substituí-lo na pasta. Os cotados para a vaga são os deputados Aldo Rebelo (PC do B-SP) e Luciana Santos (PC do B-PE).
O ministro já está no Palácio do Planalto. A situação de Orlando se agravou ontem (25), data em que o STF (Supremo Tribunal Federal) iniciou, de fato, as investigações de um suposto envolvimento do ministro na pasta.
Há dois critérios vistos como ideais no governo para orientar a nova nomeação: ter perfil para jogar duro com Fifa e CBF, como deseja Dilma; e ser capaz de desmobilizar as irregularidades no Esporte, mesmo que isso implique demitir correligionários.
PC DO B
Ontem, após ouvir Orlando por mais de três horas na Câmara, a bancada do partido se reuniu tarde da noite na casa de Aldo Rebelo para discutir sua situação. Pela primeira vez desde o começo da crise, há 11 dias, o PC do B avaliou a situação do ministro como "muito difícil".
Segundo relatos de participantes, o presidente do partido, Renato Rabelo, contou aos presentes o teor de sua conversa com o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral).
Segundo Renato disse aos deputados, o chamado do Planalto ontem à tarde foi para comunicá-lo da mudança da posição da presidente Dilma Rousseff em relação ao cenário no Esporte.
Com a abertura do inquérito pelo STF, o Planalto avaliou que a crise estava se agravando e seria difícil manter Orlando no cargo.
Rabelo conversou com o advogado-geral da União, Luis Adams, para explicar à bancada que o inquérito era "um processo administrativo", segundo relatos. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), apareceu no final da reunião.
ENTENDA O CASO
Orlando é suspeito de participação num esquema de desvio de recursos do programa Segundo Tempo, que dá verba a ONGs para incentivar jovens a praticar esportes. A acusação foi feita à revista "Veja" pelo policial militar João Dias Ferreira.
O soldado e seu motorista disseram à revista que o ministro recebeu parte do dinheiro desviado pessoalmente na garagem do ministério.
Ferreira, que foi à Polícia Federal na segunda-feira (24) para prestar depoimento, disse ter entregado áudios de uma reunião que fez com funcionários da pasta para tentar resolver a prestação de contas de um de seus convênios.
Na semana passada, Ferreira depôs por mais de oito horas na PF. Segundo o policial, seu motorista, Célio Soares Pereira, vai se apresentar esta semana para também prestar depoimento. Célio afirmou à revista "Veja" ter presenciado a entrega de dinheiro na garagem do ministério.
Segundo o ministro, que tem desqualificado o policial militar em entrevistas e nas oportunidades que falou do assunto, disse que as acusações podem ser uma reação ao pedido que fez para que o TCU (Tribunal de Contas da União) investigue os convênios do ministério com a ONG que pertence ao autor das denúncias.
Em nota, o Ministério do Esporte disse que Ferreira firmou dois convênios com a pasta, em 2005 e 2006, que não foram executados. O ministério pede a devolução de R$ 3,16 milhões dos convênios.
De acordo com o ministro, desde que o TCU foi acionado, integrantes de sua equipe vêm recebendo ameaças.