Bolsa ajuda e financiamento para montar um empreendimento, ainda que provisório, foram duas das principais medidas emergenciais reivindicadas pelos barraqueiros da orla da capital baiana, durante audiência pública realizada na tarde desta terça-feira, 23, no Centro Cultural da Câmara de Salvador (CMS) para debater a situação do setor, cerca de um ano após a demolição das barracas por decisão da Justiça Federal.
Com o auditório lotado, mas sem a presença de prepostos da Prefeitura, a sessão especial do legislativo municipal serviu para retratar a penúria em que se encontram os pequenos comerciantes do segmento. Todos os oradores queixaram-se da falta de apoio da gestão da cidade e alertaram para a chegada do verão sem solução à vista para os serviços a serem prestados a turistas e banhistas durante a alta estação.
Solução política
O deputado federal Nelson Pelegrino (PT), tratado por seus correligionários vereadores (Giovanni Barreto, Vânia Galvão, Gilmar Santiago e Henrique Carballal) já como candidato a prefeito, comprometeu-se a empenhar seu mandato no Congresso na busca de uma solução política para a requalificação da orla soteropolitana, garantindo trabalho para os barraqueiros.
Pelegrino anunciou para a segunda semana de setembro a realização de uma audiência pública, em Salvador, sob a responsabilidade da Câmara Federal, para discutir a questão da orla da cidade. Segundo ele, seu requerimento de sessão em Brasília foi aprovado por envolver a Secretaria do Patrimônio da União, cuja titular também estará presente ao encontro. "Esperamos apresentar uma solução negociada para o problema, pois já iniciamos gestões nesse sentido", adiantou.
Como resultado prático do encontro desta tarde ficou marcada para a próxima terça-feira, 30, uma reunião com representantes dos barraqueiros para coletar todas as reivindicações a serem encaminhadas para Pelegrino.
Advogado da Associação dos Comerciantes e Barracas de Praia da Orla Marítima, João Maia classificou de absurdo o processo que resultou na derrubada de todos os equipamentos há um ano atrás, deixando ao desamparo cerca de 20 mil pessoas. De acordo com ele, foram demolidas construções fora da área de marinha e até as erguidas pela Conder, órgão estadual, na região do subúrbio ferroviário. Salvador é um caso único no Brasil, afirmou, pois em outras cidades o Patrimônio da União não age como fez em nosso município.
Vânia Galvão destacou as dificuldades e o drama vivido pelas famílias dos barraqueiros e denunciou o tratamento discriminatório empregado em Salvador, pois enquanto não houve condescendência com os pequenos comerciantes empreendimentos de luxo são erguidos sobre o mar, como hotéis, restaurantes e marinas. Pediu a Pelegrino o empenho para aprovar, junto à presidente Dilma Roussef, a bolsa auxílio para os ex-donos das barracas, pois acredita na sua viabilidade.
A sessão especial da CMS contou com as presenças também do vereador Moisés Rocha (PT), Allam Rebelato (Associação dos Comerciantes e Barracas de Praia da Orla Marítima), Iris Almeida (Fundação José Silveira), Adalberto Alves (Associação dos Barraqueiros Independentes), capitão Braga (Polícia Militar), Antônio Brito (Fundação Mário Leal), José Sodré (Sindicato dos Rodoviários).