Política

PR AINDA INDECISO DE SAI DA BASE DO GOVERNO E PRESIDENTE VAI FALAR

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| 16/08/2011 às 18:23

Com o discurso pronto para declarar a independência do PR (Partido da República) em relação ao governo Dilma Rousseff, o senador Alfredo Nascimento (AM) está sendo pressionado por um grupo de senadores a recuar da decisão.

Presidente do partido, Nascimento promete discursar ainda hoje na tribuna do Senado para anunciar que a sigla deixa a base de apoio da presidente, mas alguns senadores resistem à decisão tomada pela maioria dos membros do PR.

O ex-ministro dos Transportes disse que, se houver a saída da base, a decisão não será de "revanchismo" à limpeza promovida pela presidente Dilma Rousseff na pasta --que era comandada por ele até as denúncias de corrupção que resultaram no afastamento de 28 servidores.

"Nós não vamos sair da base para afrontar o governo. Qualquer posição não será irresponsável, nem de revanchismo. Ajudamos a construir esse projeto de governo", disse Nascimento.

O senador Magno Malta (PR-ES) é um dos mais irritados com a possibilidade do PR deixar o governo. "Não sou criança para ficar mudando de posição. Eu sou da base do governo. Já saímos do bloco de apoio do governo no Senado, não sou criança para anunciar outra coisa agora", afirmou.

Numa pressão contrária a dos senadores, deputados do PR estão desde o início da tarde no plenário do Senado para forçar Nascimento a discursar. O líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), chegou a anunciar publicamente que o partido vai se declarar independente.

"Essa é uma decisão que veio das bases, dos Estados, da Câmara e de alguns senadores. Não estamos fazendo isso como retaliação. Mas é uma opção que o partido deve tomar."

Malta tem um irmão que trabalha como assessor parlamentar do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura e Trânsito). Se o PR anunciar a saída da base, o partido vai entregar os cargos que ocupa no governo - o que irritou o líder da sigla no Senado. "Ninguém manda em mim, eu tive 1,3 milhão de votos", disse Malta.

Nascimento, por sua vez, afirmou que vai anunciar uma decisão tomada pela maioria da sigla. "A minha função como presidente é dizer o que o partido decidiu. Isso é uma decisão partidária", afirmou.

CARGOS

Nascimento confirmou que o partido vai entregar todos os cargos que ainda ocupa no governo se declarar sua independência. "Se você sai da base do governo, é claro que você entrega os cargos."

Portela confirmou que o partido vai entregar os cargos. Mas disse que cada membro do PR terá liberdade para negociar "individualmente" a saída do governo. Segundo o líder, a resistência de alguns senadores à saída da base não tem força para que o partido recue de sua decisão.

O deputado afirmou que a postura do PR será de independência, com críticas ao governo, mas sem uma tendência oposicionista. "Seremos independentes com apoio crítico."

Como o Senado deu início às votações na sessão plenária desta tarde, a expectativa é que Nascimento discurse somente depois de concluídas as votações - o que deve ocorrer na noite de hoje.