Não chegou nem a engarrafar completamente o trânsito da Avenida Bonocô, uma das mais problemáticas do caótico tráfego de Salvador a "comemoração" pelos 12 anos do início das obras do metrô de Salvador, primeira manifestação pública convocada através do Facebook para a tarde de hoje, 11, em frente à loja Le Biscuit.

Na verdade, de acordo com os agentes da Transalvador e soldados da Polícia Militar que acompanharam a movimentação, realizada dentro da área de lazer, no canteiro central da via, a lentidão ficou por conta da curiosidade dos motoristas, que diminuíam a velocidade para observar a "festa".

As milhares de pessoas anunciadas pela rede social (notícias da Internet informavam a confirmação de presença de quase 12 mil internautas) resumiram-se a cerca de 200. Daí, o protesto começou pouco antes das 15h30m e durou não mais que uma hora. O travamento do trânsito no resto da tarde no Bonocô (esse realmente monstruoso), deve ser creditado a um carreteiro sem noção que achou possível espremer sua carreta com excesso de altura por dentro do Túnel Américo Simas, sentido Comércio.

Metrô até Cajazeiras

O assunto metrô já havia sido levado ao presidente da Câmara Municipal de Salvador, vereador Pedro Godinho (PMDB) por representantes do Movimento Queremos Metrô até Cajazeiras na manhã desta quinta-feira, 11. Eles querem o apoio e a interferência dos vereadores em sua luta na ampliação desse tipo de transporte para aquela região da periferia.

Segundo Paulo Souza, coordenador da União de Bairros de Salvador, cerca de 800 mil pessoas serão beneficiadas com o metrô até Cajazeiras, incluindo áreas como Palestina, Mussurunga, São Cristóvão, Estrada Velha do Aeroporto e adjacências.
 
"E o secretário Zezéu Ribeiro (Estadual de Planejamento) ainda disse que somos o resto da população", protesta. Souza não é contra a implantação do metrô na Paralela, mas defende o término desse primeiro projeto de 12 anos para depois se começar outro.

A advogada do movimento, Marina de Castro, revelou estar analisando medidas judiciais para garantir à população do bairro mais populoso de Salvador o direito de ser ouvida. "Uma ação popular com tutela antecipada pode ser feita". Assim, acredita, a justiça pode até paralisar as obras do metrô.

Godinho adiantou sua concordância com a reivindicação: "A Câmara é solidária ao movimento e entende que é justa a mobilização; vamos estudar as alternativas legais a serem tomadas para que a população seja ouvida". Ele se dispôs a a marcar uma audiência pública para tratar do assunto.

DETALHES DO NOVO
PROJETO

Os detalhes da decisão de se utilizar o metrô como resultado do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) da Mobilidade Urbana de Salvador e Lauro de Freitas, publicado no Diário Oficial desta quinta-feira (11), foram apresentados em entrevista coletiva, na Secretaria do Planejamento (Seplan), por representantes do Governo do Estado e das duas prefeituras.

Segundo o secretário Zezéu Ribeiro, será um contrato executado na modalidade de parceria público-privada (PPP) sem muitas das limitações das obras públicas. "Dividindo-se o canteiro de obras em diversas frentes e tendo controle técnico, institucional e social sobre o trabalho, antes da Copa poderemos estar viajando de metrô em Salvador".

De acordo com ele, os recursos para a conclusão da ‘linha 1', até Pirajá, estão assegurados. O secretário informou que nos 22 quilômetros da ‘linha 2', entre o Acesso Norte e Lauro de Freitas, serão investidos R$ 2,4 bilhões. Essa linha será interligada à ‘linha 1', ambas alimentadas por outros modais de transporte, inclusive o BRT. "Este é um processo estruturante de longo prazo. A Bahia é defasada historicamente no sistema de transporte e de articulação da mobilidade", afirmou.