Nelson Jobim dispunha, no Ministério da Defesa, de uma espécie de casamata particular.
Uma saleta contígua ao gabinete, com jogo de sofás e banheiro privativo.
Enfurnava-se nesse ambiente sempre que desejava degustar charutos e boas conversas.
No início do ano, após ser reempossado no cargo por Dilma Rousseff, Jobim conduziu um amigo ao refúgio ministerial.
Cubano entre os dedos, o legado de Lula discorreu sobre seu futuro na gestão Dilma. Jobim soprava fumaça e dúvidas.
Disse que se autoconcederia um prazo de seis meses. Nesse período, veria se seria possível estreitar a inimizade com Dilma.
Nas últimas semanas, à medida que o calendário achegava-se à data-limite, Jobim foi se tornando um subordinado de linguajar insubordinado.
Reaproximou-se da caciquia do PMDB, da qual se distanciara na Era Lula. Voltou a frequentar as reuniões de seu partido.
Nas conversas, dizia cobras e lagartos de Dilma.
Num dos encontros, ocorrido no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice Michel Temer, Jobim chamou a pseudochefe de "presidente-lobisomem".
De vez em quando, disse Jobim, ela se transforma. Aparece para quem quer e quando quer. Espanta até gente do seu próprio partido, o PT.
Jobim contou ter testemunhado algumas aparições. Relatou, por exemplo, reunião em que se discutia a tramitação legislativa do projeto que cria a "Comissão da Verdade".
Presente, a ministra petista Maria do Rosário (Direitos Humanos) teria manifestado dúvidas quanto à contribuição dela no processo.
Segundo o relato de Jobim, a presidente-lobisomem teria dito à companheira: "Você fica calada, que é pra não atrapalhar."
Tomado pelo que dizia de Dilma longe dos refletores, Jobim tornara-se uma demissão esperando para acontecer.
Súbito, a língua de Jobim, antes viperina apenas longe dos refletores, pôs-se a destilar veneno também em público.
O desfecho demorou mais do que o previsto. Em vez dos seis meses que mencionara no alvorecer do novo governo, Jobim durou sete meses e quatro dias.(Blog do Josias de Souza)
COMENTÁRIO DO BJÁ
Esse lobisomem de Serrinha não é brincadeira. Já chegou à política nacional.