Política

DEPUTADOS CONDENAM PROJETO QUE PROPÕE CENSURA À CRIATIVIDADE MUSICAL

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| 02/08/2011 às 18:02
Deputado Carlos Geilson: - Projeto cerceia o direito à livre expressão
Foto: BJÁ
  Os deputados Bruno Reis (PRP), Carlos Geilson (PTN) e Alan Sanches (PMDB) criticaram na tarde desta terça-feira, 2, o projeto de lei da deputada Luisa Maia (PT) que recomenda ao governo do Estado proibir a utilização de recursos públicos na contratação de bandas de pagode e outras que têm músicas com letras consideradas ofensivas às mulheres, considerando que o projeto além de ser inconstitucional representa uma censura à liberdade de expressão.

  Para o deputado Bruno Reis se a Casa Legislativa da Bahia aprovar um projeto dessa natureza "comete o risco de ser avalista da volta da censura na Bahia, o que é uma situação inconcebível". Na opinião de Bruno é evidente que existem músicas populares "ofensivas às mulheres, como existem músicas ofensivas aos homossexuais, aos carecas, aos pretos, as gordinhas, mas isso não se justifica a adoção da censura".

  Entende o deputado, que falou com a deputada Luiza Maia presente no plenário, que "melhor do que censurar é fazer uma campanha educativa para mostrar o que prega a nossa Constituição, que todos somos iguais perante a lei". 

  Situou o parlamentar que, "não cabe ao governante dizer se a banda A ou a banda B deve ser contratada para um evento por causa da qualidade de sua música". E questinou a deputada: "Quem será o responsável pelo julgamento entre o limite do aceitável e o intolerável".

   O parlamentar lembrou que há pouco mais de duas décadas, Luiz Caldas assombrou o Brasil ao lançar "Nega do Cabelo Duro", música que é um marco na história da axé music. "Na época, os politicamente corretos criticaram o artista pela letra, mas, anos depois, esta música se transformou em um clássico." Segundo Bruno reis, o artista precisa de criatividade para criar e não pode ser "tolhido" em sua ação.
 
  "O artista não pode compor pensando que haverá sempre alguém para julgar o seu trabalho e dizer se a letra é ofensiva ou não às mulheres. Quem deve julgar o trabalho do artista é o público, e mais ninguém", afirmou.

  INCONSTITUCIONAL

   Para o deputado Carlos Geilson (PTN), alguns juristas consideram o projeto da deputada Luiza Maia (PT) inconstitucional por cercear o direito à livre expressão". Lembra ainda o parlamentar por Feira de Santana que os artistas que adotaram o pagode baiano como estilo e levam essa música a todo Brasil, são pessoas do povo, e que usam e abusam de músicas de duplo sentido e retratam as suas comunidades.

  Entende o deputado que o debate sobre esse tema e outros que envolvem as comunidades mais pobres é salutar, mas, na ótica pura e simples de uma provável  censura, não se pode considerar ofensivas apenas as músicas e os artistas baianos.

  "Não é somente o pagode baiano que agride a imagem da mulher. O funk carioca agride muito mais, bem como as novelas brasileiras que enaltecem a prostituição e o adultério e o homossexualismo é tratado de forma banal. Devemos entender, respeitar e compreender o diferente.Mas não aceitar aquilo que agride à condição humana e afronta a família brasileira", afirmou o parlamentar.

  Mas, entre a aceitação, a compreensão e a censura há uma grande diferença, comentou Geilson.

  No entendimento do deputado Alan Sanches (PMDB), a despeito da atuação sempre vibrante e polêmica da deputada Luiza Maia (PT), a censura aos criativos artistas baianos não pode prosperar. "Quem vai fazer esse papel no Estado se essa lei for aprovada? E o pessoal que dança de todas as maneiras nos palcos e nos pagodes? ", questionou o deputado em aparte à fala de Bruno Reis.