Política

NILO DIZ QUE NÃO PENSA SER GOVERNADOR, MAS QUER 3º MANDATO NA ALBA

VIDE
| 28/12/2010 às 15:33
Deputado Marcelo Nilo, presidente da ALBA, durante almoço com jornalistas
Foto: BJÁ
  O deputado Marcelo Nilo, presidente da Assembleia Legislativa, confessou nesta terça-feira, 28, durante almoço de final do ano com jornalistas credenciados no Comitê de Imprensa da Casa, que assumiu um cmpromisso com o governador Jaques Wagner (PT) de não ser candidato pela 4ª vez à presidência e apoiar um deputado indicado pela base do governo, em 2013. Ainda assim, Nilo admite que se o cavalo passar selado e sem cavaleiro à disposição, agregador de forças, seu nome pode ser alternativa.

  "Não passa por minha cabeça ser presidente da Assembleia pela 4ª vez. Na primeira vez eu queria, na segunda também e agora, na terceira, idem-idem. Na quarta, eu não digo que não quero. Mas, não sou candidato. Também não vou pedir para acabar a reeleição porque sou favorável e lutei por isso com o deputado José Carlos Araújo. Se alguém pedir eu coloco em votação no plenário e tudo bem", confessa Nilo certo de que se trata de uma emenda constitucional de difícil aprovação.

  Ao que se sabe existe uma proposição do deputado Álvaro Gomes (PCdoB), o qual não conseguiu amealhar nenhuma assinatura além da dele, e um desejo de segmentos do PT e do deputado Ronaldo Carletto (PP), um provável adversário de Nilo na próxima eleição. Para a aprovação de uma Emenda Constitucional são necessários 38 votos no plenário dando sim. O que se configura inviável. Não há clima para isso na ALBA.

  Marcelo não considera que sua terceira reeleição seja favas contadas, um passeio. "Eleição é sempre eleição e voto secreto então é perigoso. Estou trabalhando e conversando com todos os deputados, de vários partidos, especialmente do PT que tem 14 eleitos. Também já conversei com o governador Wagner e ele me disse 'crie as condições que lhe ajudo' e estou fazendo isso".

  Ao que tudo indica, salvo muxoxos aqui e acolá dispersos a candidatura à reeleição de Marcelo Nilo nesta terceira oportunidade é a mais fácil até agora a ser enfrentada. Mas, ainda assim, o presidente diz que está na luta e já conta com o apoio de parlamentares de todos os partidos. Destaca que ao longo desses 4 anos como presidente da ALBA sempre esteve ao lado de todos os deputados, até Elmar Nascimento (seu adversário na última eleição) e "quando eles me trazem problemas assumo e resolvemos juntos".

  O presidente entende que, mesmo com o ano eleitoral de 2010, quando os deputados se ausentam muito do plenário e das comissões a ALBA teve uma agenda de realizações muito produtiva sendo realizadas 117 sessões ordinárias e 26 extraordinárias votando todos os projetos de interesse do Executivo e da Bahia. Também foram realizadas 30 sessões especiais e 2 solenes totalizando 175.

  Em termos de proposições analisadas no plenário foram 865 sendo 34 projetos de lei do governador do Estado, 2 do Ministério Público e 5 do Tribunal de Justiça. Projetos de iniciativa parlamentar foram 264, de decreto legislativo 2, de emenda constitucional 1 e 16 de resolução. 

  Durante a entrevista Nilo revelou como rejeitou o convite de Wagner para ser candidato ao Senado, defendeu o reajuste dos salários para os deputados, comentou sobre o turnão, disse que não tem pretensão de ser candidato a governador, em 2014, elogiou seu provável adversário Carletto, e falou sobre o papel da oposição na próxima legislatura,

  O QUE PENSA MARCELO NILO SOBRE:

  1. Ronaldo Carletto, deputado pelo PP e seu provável adversário na próxima eleição:
   MN - É bom companheiro, deputado bem relacionado e atuante.

  2. Atuante aonde?
   MN - Vocês da imprensa sabem onde ele atua.

   3. Carletto foi uma surpresa em termos de votação no último pleito!
   MN - Ele tem uma enorme estrutura. Tem 1 avião e 1 helicóptero. Nesta campanha eu também viajei de avião. Quando era deputado da oposição viajava de gol. Agora, arrecadei R$1 milhão de ajuda. O PDT foi quem mais me ajudou. Deu pra viajar de avião.

   4.  O apoio do governador Wagner à sua 3ª reeleição:
   MN - Ontem conversei com o govenador. Ele não diz que sou seu candidato. Mas, pelo que conheço do governador sou o candidato do coração dele. Temos uma excelente afinidade. Gosto do estilo dele e ele deve ter gostado do meu estilo. Quando divergimos eu digo a ele.

   5. Sobre a aliança com César Borges disse alguma coisa?
  MN - Não. César era um pedido de Lula. Inicialmente, a chapa era Wagner, eu para vice-governador, Lídice e Otto para senadores. No Carnaval de 2010, o governador me pediu para convencer Otto a ser vice pois acreditava que César estivesse vindo para a chapa. Eu convenci Otto, mas César não veio. E ficou Otto na vice. Eu disse ao governador que Otto era o melhor vice. Ele então me convidou para o Senado. Eu estava convencido que ganharia pelos fatos históricos. Mas, preferi ser deputado.

    6. Deputado e presidente da Assembleia?
   MN - Não. Deputado, apenas. A presidências veio depois.

   10. E hoje, como anda sua candidatura?
    MN - Tenho apoio de parlamentares de todos os partidos e já falei com o governador. Ele me disse: 'crie as condições que lhe ajudo'. É isso que estou fazendo.

   11. Já está analisado a composição da Mesa?
   MN - A 1ª Vice e a 2ª secretaria são da oposição. A 1ª secretaria ficará com o PT e pelo que tenho sentido com o deputado J. Carlos. O deputado Roberto Carlos (PDT) está insistindo em ficar no cargo, mas seria incoerente ter um presidente do PDT e um 1º secretário. Vou convencê-lo a desistir.

   12. Haverá consenso na disputa da Mesa?
   MN - É provável. Na última eleição três cargos foram disputados. Essa está mais fácil.  Agora estou com dois atributos importantes: coragem (inata) e paciência (esta aprendi com Wagner).

   13. Sobre reeleição para presidente da ALBA:
   MN - Sou favorável. Sempre fui. Lutei por isso com José Carlos Araújo. Não tem sentido acabar, mas respeito aqueles que são contra. Se alguém apresentar um projeto pedindo o fim da reeleição levo ao plenário. Para aprovar lembro que serão necessários 38 votos pois se trata de uma emenda constitucional.

  14. Sobre o 4º mandato!
   MN - Assumi um compromisso com o governador de não concorrer.

  15. Sobre a minguada oposição na ALBA:
  MN - Oposição é pra falar; situação para votar. Sempre foi assim e vai continuar sendo. Hoje são 16 deputados na oposição. Se forem combatidos e determinados tudo bem, terão sucesso. Foi assim que aconteceu conosco na época do governo César Borges, eu, Moema, Lídice, Paulo Jackson, Alice, nos demos muito bem. Na oposição se cria fato político e criamos vários, inclusive a CPI do narcotráfico. Hoje, os deputados da oposição de 1998 são destaques é só vocês olharem: Lídice no Senado, eu na presidência da ALBA, Alice na Câmara, Moema na Prefeitura de Lauro. Foi uma luta vitoriosa.

  16. Implantação do turnão?
  MN - Vamos implantar no recesso, mas pode ser por todo ano. Aqui temos corredores repletos de aposentados comendo no restaurante, usando telefones e assim por diante. Não tem quem aguente. Não tenho nada contra os aposentados, mas vamos implantar o turnão e acabar com isso.

  17. O orçamento da ALBA apertou?
   MN - Tá faltando dinheiro. A ALBA é a segunda casa legislativa mais enxuta do Brasil. Dentro do orçamento cada deputado sai por R$4.2 milhões. Em SP e RJ são R$7 milhões. Em Minas, R$12 milhões. Fechei o ano equilibrado. Nosso orçamento foi de R$285 milhões, em 2009; R$312 milhões, em 2010 (incluindo a suplementação); e está programado para R$297 milhões, em 2011. 

  18. E o pitaco do secretário da Fazenda, Carlos Martins, sobre as finanças da ALBA?
  MN - Ele não tem nada que ficar falando de área dos outros.

  19. E o aumento salarial dos deputados, governadores e secretários? 
   MN - Todas as assembleias do país deram o correspondente a 75% do que ganham um deputado federal e nós fomos a última aplicar isso. Agora, não é correto um conselheiro de tribunal ganhar mais do que um deputado, pois eles são nossos auxiliares. Eu queria colocar o salário do governador igual ao nosso, mas ele não quis.

  20. A rejeição de contas dos prefeitos pelo TCM?
  MN - O grande erro é dos contadores. A maioria dos prefeitos não tem boas assessorias técnicas e têm suas contas rejeitadas. Mas, não são culpados por isso. Aqui na ALBA se um auxiliar técnico disser que é para eu não fazer determinado procedimento, não faço. O TCM hoje é imparcial e muito técnico. Rigoroso.

  21. Próximo governo Wagner?
  MN - Vai ser melhor do que o primeiro porque ele está mais experiente. A prioridade número um dele será a segurança. Ele sofre muito quando alguém morre, quando uma casa cai. A educação e a saúde melhoraram. Solla é o melhor secretário de Saúde de todos os tempos na Bahia. Outro projeto que ele trabalhou com afinco foi a Ferrovia Oeste-Leste e agora a ponte Salvador-Itaparica. Foi o governador que mais gerou empregos, recuperou a malha rodoviária, faz um bom governo e vai ser ainda melhor a partir de 2011.

  22. Você acha que Dilma traiu a Bahia?
  MN - Não, de jeito algum. A Bahia está bem representada no Ministério e o governador já disse que o importante são os projetos e os recursos.

  23. Mário Kértész lhe "elogia" bastante?
  MN - É impressionante. Ele agora diz que falo errado, mas, toda pessoa que ele fala contra ganha eleição.