Política

COMPLEXO DO ALEMÃO ERA CENTRAL DO COMANDO VERMELHO, POR CESAR MAIA

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| 29/11/2010 às 14:19
1. As comunidades ocupadas pelas UPPs na Zona Sul e Tijuca tinham seu tráfico de drogas controlado pelo "Comando Vermelho".  Essas ocupações, como sempre enfatizou o secretário de segurança, são retomadas de território, liberação da população do jugo do narcovarejo, e não repressão ao tráfico de drogas. Por isso, sempre dizia, que cada ocupação ocorria sem se disparar um tiro.
                
2. Os chefetes do Comando Vermelho foram se abrigando no Complexo do Alemão. Falavam em 400 chefetes. Diziam que qualquer tentativa de ocupação iria produzir uma tragédia. Nada disso ocorreu. A ocupação se deu, com o peso da autoridade das forças armadas e policiais, com o mínimo de consequências para as circunstâncias.
                
3. A própria prudência das forças militares e policiais evitou aquela tragédia. Não houve surpresa. Houve a ocupação da Vila Cruzeiro ao lado. Que, pela sua geografia, é tarefa menos complexa e já se havia feito isso por duas vezes. A segunda, em 2008, com hasteamento de bandeira do Bope e tudo o mais. Os desdobramentos, agora, como fixar prazo para entrega dos narcotraficantes, fizeram parte dessa prudência em defesa da vida da população.
                
4. Os chefetes tiveram tempo e fugiram antes da ocupação final, levando suas armas. Se for verdade o que se alardeava, levando 400 fuzis/metralhadoras.  Irão definir outra comunidade para concentrar seus chefetes. Provavelmente será na Baixada Fluminense.  Importante que os setores de inteligência e investigação das polícias e das FFAAs identifiquem seus caminhos para que outro Complexo do Alemão -central desta facção- não venha a ser construído e não se tenha que começar tudo outra vez.
                
5. A Prefeitura do Rio tem um trabalho completo e detalhado das condições do Complexo do Alemão, feito em 2006. Atualizá-lo em base ao censo de 2010 é fundamental. Como o Complexo -e por isso o nome- são várias comunidades que sobem por partes e até bairros diferentes, pelo morro, a atualização desses dados é muito importante.
                
6. De outra forma, a ocupação exigirá quase 2 mil policiais, na escala das UPPs da Zona Sul e Tijuca. E isso gera uma concentração tão grande de efetivos que inibe a desejada expansão das UPPs em outras comunidades. Um redesenho do Complexo, dentro do conceito do favela-bairro, é básico para a sustentabilidade.
                
7. E nunca é demais insistir. Se for fato que o mini-terror dos arrastões e veículos incendiados veio como reação às UPPs e à saída das PMs da polícia de trânsito e ao afrouxamento do policiamento ostensivo estimulou, conforme mostram as estatísticas do ISP sobre crimes de rua e ameaças, estas e outras formas devem retornar em mais um tempo. Lembre-se do ocorrido em 2002, com ônibus incendiados, comércio fechado em vários bairros, etc. A polícia deu a resposta. Tais atos terminaram. Mas voltaram depois.
                
8. A sustentabilidade exige a coordenação da ocupação de comunidades com a 'ocupação' simultânea dos bairros, de forma a que a reação do narcovarejo nas ruas não pegue mais uma vez desprevenidas as autoridades.