Protógenes irá recorrer da decisão, segundo seu advogado. Ainda que a decisão da Justiça Federal se mantenha, ele não cumprirá a pena na prisão: deverá, em vez disso, prestar serviços à comunidade em hospitais públicos ou privados, prefencialmente uma unidade de auxílio a queimados.
Joel Silva/Folhapress |
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Protógenes é condenado a três anos de prisão por crimes na Operação Satiagraha |
O risco maior é para a carreira política de Protógenes: se instâncias superiores ratificarem a sentença, ele perde o mandato de deputado federal, conquistado nestas eleições, e fica proibido de exercer cargos públicos --inclusive de continuar como delegado da Polícia Federal.
Protógenes deve sua vaga na Câmara dos Deputados ao palhaço Tiririca (PR-SP): com votação maciça de 1,35 milhão de eleitores, o palhaço conseguiu "puxar" três candidatos que não tiveram votos o suficiente para se elegerem sozinhos, entre eles o delegado (dono de quase 95 mil votos).
A sentença foi dada no dia 5 de novembro, pelo juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Criminal Federal em São Paulo, a partir de uma denúncia da Procuradoria da República. A publicação da sentença aconteceu na terça-feira (9).
A Justiça também condenou o escrivão Amadeu Ranieri Bellomusto, braço direito de Protógenes na Polícia Federal.
Bellomusto também teve sua pena, de dois anos de detenção, revertida para prestação de serviços à comunidade. Está, ainda, proibido temporatiamente de exercer "atividades relacionadas com segurança e espionagem".
Por "reparação dos danos morais causados à coletividade", Protógenes e Amadeu deverão pagar R$ 100 mil e R$ 50 mil, respectivamente. Há também a cobrança de "52 dias-multa" baseados no valor do salário mínimo, ou seja, R$ 26.520.
Se os réus também forem condenados em processos transitado em julgado (quando não cabe mais recurso), o valor será reajustado conforme salário mínimo da época.
"PASTA PRETA"
A sentença do juiz Mazloum cita reportagem da Folha que mostra Protógenes munido de "pasta preta" em debates presidenciais.
Em outubro, o aliado de Dilma Rousseff (PT) afirmou que iria a todos os debates com sua "pasta preta". Dela sairiam documentos fruto de investigações sobre segurança e privatizações --munição contra o então adversário de Dilma, José Serra (PSDB).
Mazloum destaca como "curioso" o fato de que "o acusado Protógenes em verdade tinha consigo dossiês dos dois lados", ou seja, contra Dilma e contra Serra.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também teria sido vítima de arapongas,
conforme o processo.
Outros alvos de "arapongagem" do delegado: os ex-ministros da Casa Civil José Dirceu e Erenice Guerra.
Do lado da oposição, os vigiados seriam o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) e o ex-ministro Mangabeira Unger.
O processo menciona ainda "o senador ACM Neto" (DEM-BA