A coalizão entre o PT e o PMDB, beneficiou o PSB. O partido socialista assumiu o papel de aliado programático da candidatura petista. Ao PMDB, diferentemente, coube a carapuça de um mal necessário para a eleição de Dilma Rousseff.
A distinção entre os partidos, PSB e PMDB, colocou o PT numa posição ambígua, que beira a esquizofrenia ideológica. Por um lado, árbitro de uma rede de interesses distintos, que podem empurrar os principais aliados para as hostes do PSDB. Por outro, vítima de uma descaracterização política, oriunda da influência peemedebista, ou de um esvaziamento das esquerdas, que encontram refúgio no PSB.
Para o bem ou para o mal, contudo, o PT continua sendo o fiel da balança. Seja ao manter Ciro Gomes e Eduardo Campos à esquerda do governo; seja ao estabilizar a governabilidade ao lado de Michel Temer e José Sarney. O malabarismo em questão implica no equilíbrio entre o modelo comumente dicotômico da política brasileira (PT versus PSDB) e o universo pluralista em desenvolvimento no país. De uma esquerda que tende a ver o centro como uma direita camuflada, ou de uma direita que tende a ver o mesmo centro como o disfarce de uma esquerda que não deseja declarar-se enquanto tal.
À esquerda de Dilma, o partido socialista elegeu 6 governadores, 35 deputados federais e 4 senadores. Mas, não foi só. Ao longo dos anos, o PSB ocupou - pouco a pouco - o espaço deixado vago com o deslocamento do PSDB em direção à direita do espectro ideológico. Após a aliança de FHC com o então PFL (hoje DEM), houve uma descaracterização do PSDB, como a que ameaça hoje o PT sob a égide do PMDB.