O candidato a deputado estadual pelo PSOL, Hilton Coelho, denuncia o que considera um atentado contra a arte popular, indígena e uma afronta aos direitos humanos. "Na madrugada de segunda-feira, dia 2, um espaço cultural instalado por artistas de origem tupinambá no Passeio Público, em Salvador, foi destruído de forma covarde e não podemos deixar que a impunidade e o totalitarismo mais uma vez prevaleçam", afirma o psolista.
A instalação foi feita pelo Grupo de Teatro Popular Filhos da Rua que atua social e artisticamente em Salvador há mais de 13 anos. Dirigido pela tupinambá, atriz, diretora e educadora popular Taynã Andrade, o grupo tem uma atuação social e política intensa, além de seu compromisso com a arte teatral. "Suas ações sempre foram de enfrentamento à dominação e pela autodeterminação dos povos nativos. Nesse período fez franca oposição aos governos carlistas, em especial contra a política cultural direcionada ao atrelamento das manifestações culturais populares, indígenas e educacionais", lembra Hilton Coelho.
Hilton Coelho relata que o "Filhos da Rua" nunca foi mantido com recursos públicos e ocupava o antigo Teatro do Passeio Público. Sua saída de lá, em 2006, foi na perspectiva de que era necessária uma mudança estrutural na política cultural.
"Pensaram que um novo período se abriria com a posse do governador Jaques Wagner e políticas públicas concretas para a cultura e educação seriam implementadas. Foram surpreendidos com a nomeação de Márcio Meireles para secretário de Cultura, justamente ele que não pode falar mal do período carlista porque verbas não faltaram e no governo Waldir Pires dirigiu o Teatro Castro Alves (TCA) deixando-o em ruínas", critica Hilton Coelho.
O Grupo de Teatro Popular Filhos da Rua ocupou uma antiga cadeia existente no Passeio Público a transformando num espaço cultural aberto ao público, com biblioteca, acervo de figurinos e cenários, sendo fonte de referência única no que diz respeito à presença indígena na Bahia, em especial Salvador. Como parte deste processo étnico-cultural, ergueu-se um monumento indígena. Tal monumento se configurou como uma marca da presença irrefutável do grupo e de sua identidade, ao mesmo tempo tornou-se um marco da presença nativa no que antes era o Centro da Vila Velha de Salvador, um dos primeiros aldeamentos da capital baiana.
"Como a atuação do grupo em todo o tempo sofreu oposição do secretário Márcio Meirelles e resistiu aos desmandos da Secult que sempre quis retirá-lo do Passeio Público, onde também está o Teatro Vila Velha".