A falta de um projeto de governo para o desenvolvimento da região do Semi-árido, na faixa entre a Chapada Diamantina e o Vale do São Francisco, foi destacada pelo bispo Dom Luiz Cappio, durante o encontro do candidato democrata ao governo estadual, Paulo Souto, com lideranças regionais e a comunidade de Barra, no Oeste baiano.

Realizado na última segunda-feira (21/06), no Centro Diocesano de Formação, em Barra, o evento organizado pelo ex-prefeito de Buritirama, Arival Viana, contou também com a presença do candidato democrata ao Senado, José Ronaldo, e do presidente estadual do PSDB, Antonio Imbassahy, além do prefeito de São Desidério, Zito Barbosa, do vice de Ibotirama, Roberval Alves, do ex-prefeito de Santa Rita de Cássia, Zé de Aragão, e do vereador de Barra, Moacir Cavalcanti.

Para Dom Cappio, a região compreendida entre a Chapada Diamantina e o Vale do São Francisco, no Semi-árido, nunca foi contemplada com um projeto governamental de desenvolvimento que explorasse as potencialidades locais. “Alguns políticos só se preocuparam com aspectos pontuais. Nada que realmente promovesse o desenvolvimento sustentável da região”, disse.

O líder religioso manifestou desilusão com o governador Jaques Wagner. “Quando tomou posse, o atual governador disse que, em sua gestão, iria pagar a dívida histórica com a região. O governo dele está chegando ao fim e a dívida não foi paga”. Na avaliação do frei, o abandono governamental é o que estimula na população a criação de um novo estado.

Defensor do Rio São Francisco e da causa ecológica, Dom Cappio denunciou o desmatamento das matas nativas da caatinga para a produção de carvão. “É preciso uma medida urgente contra este crime ambiental, enquanto resta alguma vegetação. Esta atividade criminosa, além de causar prejuízos ecológicos, promove o trabalho escravo e infantil na região”.

O uso da água da barragem de Mirorós em irrigação ao invés de seu destino exclusivo ao consumo humano e animal também foi reclamada pelo bispo de Barra. “A função da barragem está sendo desvirtuada e o fornecimento de água potável às comunidades está ameaçado”.

Dom Cappio assinalou a falta de segurança pública como outro grave problema. “A região do São Francisco é o paraíso dos plantadores de maconha e do narcotráfico. O povo vive sem segurança e as vidas de adolescentes e jovens estão sob risco”. Segundo o frei, a segurança é tão precária na região, que a cadeia pública funciona em condições desumanas, dentro do mercado municipal de Barra.

Dirigindo-se a Paulo Souto, como querido amigo, Dom Cappio agradeceu o apoio que o ex-governador deu à Diocese de Barra na recuperação da Igreja de Bom Jesus dos Navegantes. Souto, por sua vez, manifestou profunda gratidão ao líder religioso pelo gesto de recebê-lo com tanta cordialidade no Centro Diocesano. “Dom Cappio, a sua presença enriqueceu bastante este encontro. O senhor é um exemplo de força construído com humildade”.